Pandemia nada acadêmica

Por Por Felipe Dilon e Marcos Sena

Não é novidade que a pandemia afetou a educação, mas segundo dados recentes, os números são ainda piores que os esperados. De acordo com as estimativas da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), a América Latina retrocedeu oito anos no acesso ao conhecimento durante a pandemia, e cerca de 17 milhões de estudantes dos ensinos médio e fundamental desta região terão dificuldade para continuar os estudos.

Em Minas Gerais, está em efetivo uso o aplicativo “Conexão Escola”, através do qual as atividades on-line estão sendo realizadas. O estado ocupa a terceira posição no Índice de Educação a Distância, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O regime de estudo não presencial desenvolvido pelo Governo do estado, por meio da Secretaria de Educação de Minas Gerais (SEE/MG), alcançou nota 5,83 – mais que o dobro da média nacional de 2,38, mas que ainda está longe da nota máxima (10).

Com relação ao ensino superior, Minas Gerais tem sofrido, assim como outros estados brasileiros, com cortes nos orçamentos de instituições federais. A situação, no entanto, mostra-se mais calamitosa, uma vez que Minas Gerais sedia quase 20% das universidades federais de todo o país, além do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) e de 25 institutos federais de ensino. Os cortes acabam por atingir também a economia das cidades onde essas instituições estão sediadas, uma vez que representam diminuição da injeção de recursos nos municípios, por causa da redução do número de bolsas de manutenção estudantil ou por causa do encerramento de contratos com empresas locais.

Para se ter uma ideia, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgou, em abril deste ano, uma série de medidas para conseguir se adequar aos cortes sofridos, como, por exemplo, a redução de 24% do número de bolsas e a diminuição de recursos aplicados na contratação de pessoal de empresas terceirizadas, o que acarretou uma perda de 307 postos de trabalho. A cereja no bolo foi o corte de 75% nos recursos dos programas de apoio à pós-graduação.

Em março deste ano, o Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de Minas Gerais (Foripes) manifestou, por meio de nota divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sua preocupação em relação a mais um corte orçamentário. Em junho, em nova nota divulgada pela UFMG, a Foripes apontou que houve corte de R$ 250 milhões nas universidades federais mineiras, em relação a 2020, e houve também o bloqueio de cerca de R$ 100 milhões do orçamento aprovado para 2021, o que representa cerca de 14% do orçamento aprovado.

Em razão da instabilidade causada pela pandemia de Covid-19, não é possível traçar de forma clara o que vai acontecer. Entretanto, devido aos acontecimentos já observados no cenário da educação no Brasil, coloca-se à frente um novo desafio, o da recuperação da educação brasileira.

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