A transformação no cenário do mercado de trabalho no período pós-pandêmico tem se mostrado cada vez mais evidente. Ao longo de dois anos, as medidas de isolamento social impactaram diversas modalidades de trabalho e fortaleceram o uso das ferramentas tecnológicas nos meios corporativos. Tal tendência mantém um ritmo acelerado até os dias atuais, aquecendo fortemente alguns segmentos do mercado – principalmente o de Tecnologia da Informação (TI). A título de exemplo, somente nos seis primeiros meses de 2021, as empresas do ramo movimentaram cerca de R$ 221 bilhões em fusões e aquisições, de acordo com pesquisa da FEEx – FIA Employee Experience.
Nas duas primeiras décadas do século, as big techs ultrapassaram conglomerados tradicionais nos rankings das companhias mais valiosas do mundo, marcando a ascensão do setor de tecnologia na economia global. Entretanto, o crescimento exorbitante foi muito além do previsto até mesmo por amantes do mundo tech. Atualmente, o segmento já representa 4,5% do PIB brasileiro, segundo o IBGE e, de acordo com dados da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o setor de TI promoveu um aumento de 9,2% na criação de empregos, gerando 144.166 novos postos de trabalho em 2020 e 198.626 novos empregos em 2021.
Com um escopo amplo de funções, os profissionais da área estão sendo assediados pelas empresas nacionais e internacionais. Ainda segundo resultados da pesquisa FIA Employee Experience, os colaboradores do segmento recebem 84% mais convites para participar de processos seletivos em outras organizações do que profissionais especializados em outras áreas. Além disso, a remuneração do setor fica 58% acima da média do mercado – o que equivale a R$ 8 mil por mês – e chega a R$ 25 mil para funções de gerência.
É inegável que o mercado de TI cresce de maneira exponencial a cada ano. Todavia, a formação de profissionais ainda não acompanha tal evolução, causando um déficit de mão de obra qualificada na área. Segundo uma pesquisa realizada em 2020 pela Brasscom, até o ano de 2024 o Brasil precisará de cerca de 420 mil profissionais na área de Tecnologia da Informação, porém, a mesma pesquisa diz que o país forma apenas 46 mil profissionais capacitados por ano.
Débora Mendonça e Jonas Nogueira