Mega-acordos comerciais: não me convidaram pra essa festa. E agora, Brasil?

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

Na última semana o noticiário foi tomado, entre as inúmeras notícias de corrupção, escândalos e crise que o dominam, por informações e discussões acerca do Tratado Transpacífico (TTP). O tratado, considerado por muitos como o maior acordo comercial da história,prevê, entre outras coisas, a eliminação de barreiras tarifárias entre os países integrantes, doze no total (Brunei, Chile, Nova Zelândia, Singapura, Austrália, Canadá, Japão, Malásia, México, Peru, Estados Unidos e Vietnã). Vale lembrar que que estes países são responsáveis por aproximadamente 40% da economia mundial.

Apesar de ainda depender da aprovação por parte dos Congressos e Parlamentos dos países integrantes, o mega-acordo já levantou importantes discussões acerca de seu impacto no mercado mundial, inclusive nas exportações tupiniquins. Os países integrantes do acordo são destinos de uma quantidade considerável do total exportado pelo Brasil, aproximadamente 24%. No ano passado, o Brasil exportou cerca de US$ 53 bilhões para os países integrantes do acordo. Com a confirmação e aprovação do Tratado há certa preocupação quanto auma possível perda de espaço dos produtos brasileiros nos mercados destes países. Estudo recente da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas já aponta para um encolhimento de até 2,7% das exportações brasileiras a partir dele. Isso se deve ao fato de que alguns dos países que compõem o novo acordo têm uma estrutura produtiva e, portanto, comercial semelhante à do Brasil. Num cenário de vantagens comerciais impostas pelo TTP, os países podem substituir o fornecimento de bens provenientes do Brasil por bens produzidos pelos países parceiros.

O possível encolhimento das exportações brasileiras é apenas uma pequena fatia da fragilidade brasileira no tema. A economia brasileira está muito atrasada neste quesito, pois apenas pequenos acordos de comércio têm sido firmados e outros sequer estão engatinhando. Negociações de livre comércio entre o Brasil e os Estados Unidos ainda são incipientes e as negociações do acordo bilateral entre Mercosul e União Europeia esbarram no protecionismo dos nossos hermanos (leia-se Argentina).

A preocupação não termina no Tratado Transpacífico. Firmado o acordo TTP, espera-se que os Estados Unidos voltem suas atenções para mais ummega-acordo, a Parceria Transatlântica (TTIP) que congrega uma proposta de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia.

Enfim, os medos e fragilidades estão postos à mesa e navegar contra a maré não parece ser a melhor saída. É preciso olhar para frente, traçar metas, estratégias para que os produtos brasileiros continuem ganhando espaço no mercado mundial e o Brasil não seja um mero espectador nessa corrente de mega-acordos e estruturação do comércio internacional. Já é mais que hora das trapalhadas saírem de cena e entrarem os tratados.

 

Vinícius A. Vale, Fernando S. Perobelli, Inácio F. Araújo Junior

Luciane Faquini

Luciane Faquini

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