Diante da greve dos caminhoneiros, que afligiu o paĆs durante cerca de dez dias no mĆŖs de maio, o “caos” foi geral, levando os brasileiros a mudarem seus hĆ”bitos e a se preocuparem com questƵes como desabastecimento, aumento de preƧos, instabilidade social e, como consequĆŖncia possĆvel desaceleraĆ§Ć£o do crescimento. Em alguns municĆpios, houve crise de desabastecimento e, consequentemente, alta da inflaĆ§Ć£o, que chegou a 1,38% no mĆŖs, maior valor registrado ao longo de 2018, segundo o IGP-M (FGV). Em Minas nĆ£o foi diferente, segundo dados da Defesa Civil de Minas Gerais, atĆ© o dia 31 de maio, 37 municĆpios haviam decretado estado de calamidade pĆŗblica em decorrĆŖncia do desabastecimento, alĆ©m das mais de 240 prefeituras que anunciaram situaĆ§Ć£o de emergĆŖncia, entre elas Juiz de Fora, MuriaĆ©, UbĆ” e ViƧosa.
Observou-se em todo o estado a escassez de produtos hortifrutigranjeiros, provocando alta dos preƧos dessas mercadorias. Segundo informaƧƵes da Ceasa Minas, no centro de distribuiĆ§Ć£o da capital mineira, Ceamg, houve aumento no valor de venda de 75 produtos, levando a uma variaĆ§Ć£o mĆ©dia dos preƧos de 25,94% entre os dias 24 e 30 de maio.
Nos municĆpios da Zona da Mata mineira houve, ainda, escassez e alta dos preƧos dos combustĆveis. Segundo a ANP (Agencia Nacional do PetrĆ³leo, GĆ”s Natural e BiocombustĆveis), comparando a Ćŗltima semana do mĆŖs de abril, anterior a greve ā 29/04 a 05/05, com a Ćŗltima semana do mĆŖs de maio, no auge da greve ā 20 a 26/05, o preƧo mĆ©dio da gasolina na mesorregiĆ£o subiu 4,35% e do Ć³leo diesel 7,25%, enquanto o do etanol teve queda de 1,91%. Em Juiz de Fora, para o mesmo perĆodo, registrou-se alta de 7,96% no preƧo mĆ©dio da gasolina, 5,97% no do etanol e 7,24% no do Ć³leo diesel. E, apesar da falta observada do gĆ”s de cozinha em diversos municĆpios, na Zona da Mata houve queda de 1,39% no preƧo mĆ©dio do botijĆ£o de 13 Kg.
Os tributos incidentes sobre os combustĆveis, um dos motes da greve, jĆ” apresentava alĆquota de ICMS reduzida para Ć³leo diesel de transporte coletivo em Minas, segundo o Governo do estado. Contudo, devido aos acontecimentos recentes, a alĆquota passou de 4% para 3% em 2018 e pretende-se chegar a 0% em 2019. Com relaĆ§Ć£o Ć gasolina e ao etanol, o governo nĆ£o pretende reduzir a carga tributĆ”ria, buscando contrabalancear a queda nas receitas com a reduĆ§Ć£o do ICMS sobre o Ć³leo diesel e a isenĆ§Ć£o dada pelo Governo federal da Cide e do PIS/ Cofins, a qual provocarĆ” Ć receita estadual uma contraĆ§Ć£o mensal de R$ 40 milhƵes.Ā O questionamento que fica entĆ£o Ć© se, diante da crise fiscal e financeira vivenciada pelo estado, o governo vem tomando a atitude correta e qual o legado que serĆ” deixado para a prĆ³xima gestĆ£o, um estado com as contas organizadas ou um quadro fiscal ainda mais preocupante? E ainda, que paĆs nĆ³s teremos caso todos os setores busquem a soluĆ§Ć£o dos seus problemas por meio de subsĆdios fiscais? Enfim, o crescimento econĆ“mico brasileiro serĆ” na velocidade da banguela ou de cruzeiro?
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