Os consumidores estão pisando em ovos?

Uma análise do preço do ovo no cenário brasileiro atual

Por Angélica Raminelly, Maria Souza, Lucas Leão e Weslem Faria

O poder de compra dos consumidores brasileiros vem sendo oprimido diante do processo inflacionário que ocorre no país e no mundo. Em situações como essa, as famílias normalmente optam por realizar substituições nas cestas de consumo. Esse é o caso do ovo de galinha. Com o preço elevado da carne, as pessoas costumam elevar o consumo do ovo para suprir suas necessidades nutricionais, devido ao elevado valor proteico. Entretanto, assim como os demais alimentos, o ovo vem sofrendo alta inflacionária nos últimos meses. Em janeiro, a variação acumulada em 12 meses do preço do ovo de galinha aumentou expressivos 18,7%.

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em fevereiro o preço da caixa de ovos brancos com 30 dúzias saltou de R$ 148,11, nos primeiros dias do mês, para R$ 174,75, no final do mesmo mês. Esse estudo se baseia em algumas cidades do estado de São Paulo, visto que o estado é, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o maior produtor de ovos de galinha do Brasil. No terceiro trimestre de 2022, a região paulista produziu pouco menos de 280 milhões de dúzias de ovos.

Assim como no Brasil, o exterior também vem sofrendo com o aumento no preço do ovo e, até mesmo, a falta desse insumo. Recentemente, países da Europa, os Estados Unidos e alguns outros países têm sido prejudicados pelo surto de gripe aviária (H1N1), o que tem causado grandes prejuízos e custos a toda indústria avícola. Além disso, a guerra em curso na Ucrânia tem como consequência o aumento da inflação global, que em 2022 saltou de 4,4% para 9,3%. A previsão para 2023 é que esse indicador alcance o patamar de 6,8%, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Uma das principais causas da alta no preço do ovo é o aumento dos custos dos insumos básicos utilizados para a alimentação das aves, como o milho e o farelo de soja, que representam cerca de 80% do custo da produção de ovos. Outro fator de destaque é a necessidade de maiores cuidados e cautela com os animais devido aos casos de H1N1, que vêm se espalhando rapidamente pelo mundo, fato que desincentiva os produtores a continuarem criando as chamadas galinhas poedeiras.

Com a conjuntura que se apresenta, as consequências para os consumidores são claras. O ovo é um produto da cesta de consumo brasileira com difícil substituição, principalmente frente ao cenário inflacionário para os preços das carnes brancas e vermelhas. A inflação de alimentos, no geral, tende a onerar relativamente mais aquelas famílias com rendas menores, visto que esse é um gasto essencial e não há para onde fugir. Ao final do mês, as contas estarão mais altas e se o orçamento familiar se mantiver fixo, isso obrigará o consumidor a “pisar em ovos” para não se endividar.

 

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