Apaguem a luz no fim do tĂșnel

Por Daniel Corbelli, Juliana Mota e Santiago (email para [email protected])

Com o intuito de ajudar a resolver o problema fiscal brasileiro, as privatizaçÔes recomeçaram. O leilĂŁo das usinas de SĂŁo SimĂŁo, Miranda, JaguarĂĄ e Volta Grande, que pertenciam Ă  Cemig, garantiram aos cofres pĂșblicos R$ 12,13 bilhĂ”es (9,73% acima do esperado pelo governo) no Ășltimo 27 de setembro. E o consumidor, ganharĂĄ o que com isso?

Na dĂ©cada de 90, o mercado tentou implementar um sistema de energia elĂ©trica privatizado. Esse processo foi freado pelo Governo do presidente Lula com base no princĂ­pio de que a energia elĂ©trica Ă© um bem pĂșblico e deve ser um serviço fornecido pelo Estado. Tal entendimento fez com apenas uma fatia pequena do setor fosse gerenciada pelo mercado, congelando as privatizaçÔes. Contudo, em setembro de 2016, o Governo Federal lançou o Programa de Parceria do Investimento (PPI), normatizando o processo de concessĂ”es e privatizaçÔes para os prĂłximos anos. Entre as medidas, encontra-se a outorga de concessĂ”es das usinas hidrelĂ©tricas, entre elas as supramencionadas.

A venda foi motivo de repĂșdio em vĂĄrios segmentos. Trabalhadores, organizaçÔes e movimentos populares alegam que tais usinas sĂŁo responsĂĄveis por cerca de 40% da energia gerada pela Cemig, podendo a venda delas acarretar em um aumento das tarifas de energia no Estado de Minas Gerais, que hoje jĂĄ se encontram entre as mais altas do paĂ­s. AlĂ©m disso, argumentam que a privatização pode aumentar o nĂșmero de demissĂ”es e diminuir o nĂ­vel de treinamento dos funcionĂĄrios terceirizados, tudo em busca de um maior lucro. Afirmam, ainda, que o leilĂŁo Ă© contrĂĄrio Ă  Emenda 50 da Constituição estadual, de 2001, que determina que a venda de empresas pĂșblicas do setor sĂł pode ser feita por meio de aprovação popular.

Segundo nota tĂ©cnica publicada pelo Departamento Intersindical de EstatĂ­stica e Estudos SocioeconĂŽmicos (DIEESE), o processo de privatizaçÔes costuma ser um mecanismo de controle das contas pĂșblicas que, nesse caso, poderĂĄ acabar com o protagonismo estatal nacional na operação da matriz elĂ©trica brasileira. A nota esclarece ainda que, em paĂ­ses como os Estados Unidos, Alemanha e em outros locais da Europa, a participação de empresas pĂșblicas no setor de energia elĂ©trica estĂĄ aumentando. Mais uma vez, o paĂ­s parece escolher a contramĂŁo da histĂłria, se desfazendo primeiro do que tem de mais estratĂ©gico.

 

 

Guilherme ArĂȘas

Guilherme ArĂȘas

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