A pandemia da Covid-19 trouxe ao Brasil externalidades antes não possíveis de se imaginar que aconteceriam. O fechamento do comércio e o distanciamento social causaram, em um primeiro momento, a elevação das taxas de desemprego e também de suspensão de contratos de trabalho. Essa situação impactou diretamente a renda mensal dos brasileiros.
Tentando reverter esse cenário, o Governo federal, por meio do auxílio emergencial, passou a ajudar, fornecendo R$ 600 às famílias desassistidas. No entanto, o valor representa apenas 57% do salário mínimo. Com isso, diversas pessoas acabaram se endividando e, como esperado, a taxa de inadimplência também aumentou.
Conforme a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, no mês de julho deste ano, o endividamento atingiu 67,4% da população. Os principais tipos de dívidas são contraídas pela utilização de cartão de crédito e cheque especial, que apresentam valores de juros médios de 165,44% e 117,75% ao ano, respectivamente, segundo dados do Banco Central do mês de agosto.
No entanto, esses valores também representam problemas que não eclodiram apenas durante esses momentos de calamidade pública e restrições. A falta de educação financeira da população acarreta na contração habitual de crédito, na esperança de que uma renda futura venha. Porém, com os imprevistos, essa renda acaba não chegando e tornando os valores das faturas dos cartões de crédito grandes bolas de neve.
Para se prevenir e evitar o endividamento, o ideal, se possível, é sempre guardar uma parte da renda para uma reserva de emergência que possua alta liquidez e que, se possível, tenha ganhos acima da inflação. Um dos melhores investimentos com alta liquidez (D+1, em que a pessoa recebe o valor do título em um dia) e segurança é o Tesouro Selic.
Apesar de fácil de ser contratado (qualquer banco ou corretora oferece a modalidade), a prática ainda não é comum. Segundo a Anbima, apenas 44% dos brasileiros possuíam saldos em investimentos no ano de 2019. Renegociar as dívidas com taxas mais altas de juros também é importante para reduzir este efeito bola-de-neve causado pelos juros
compostos.
Outro ponto é conhecer a fundo o próprio orçamento e os hábitos de consumo, de forma que fique mais claro para cada um quanto realmente pode-se gastar sem aumentar seu endividamento. Ter consciência sobre os próprios hábitos é o primeiro passo para buscar a organização necessária para que se possa minimizar os custos e voltar a ter as rédeas das finanças pessoais em mãos novamente.