Entre EUA, China e Argentina, quem ganha é o Brasil

Por Por Sávio Sene e Larissa Latuf

A cadeia produtiva da soja possui diversas etapas que são interligadas por operações logísticas de transporte, entre elas, a produção, a distribuição e comercialização. O grão é usado em diversos segmentos, com os quais muitas pessoas têm contato e nem imaginam. Os alimentos à base de soja substituem refeições de pessoas com restrições alimentares, por exemplo, alérgicas a laticínios, ou opcionais, como vegetarianismo. Também é usada como complemento nutricional na forma de grão in natura e na composição de rações industriais ou em farelo, além de apresentar grande contribuição no meio energético, sendo base de 85% do biodiesel produzido no Brasil (Embrapa Soja). Com um cenário interno que demonstra bons desempenhos positivos em termos de produtividade, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) apostou em uma safra recorde de soja neste ano no Brasil (229,53 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas em 2017/18). Tal perspectiva coloca o Brasil, principal exportador mundial da oleaginosa, em posição mais competitiva no cenário internacional, marcado pela crescente tensão comercial entre EUA e China e por uma forte quebra de safra na Argentina.

A China, segundo maior parceiro comercial dos EUA, anunciou a imposição de taxas de 25% sobre uma série de produtos importados dos Estados Unidos, entre eles a soja, em resposta às tarifas que Washington anunciou no mês passado sobre as importações de aço e alumínio chineses. Guerras comerciais como essa podem gerar efeitos negativos para os dois lados, causando aumento de tarifas e custos de exportações, ou mesmo gerar um ciclo de diminuição do comércio internacional, o que pode vir a estagnar o crescimento econômico global. Nesse caso, os envolvidos são as duas maiores potências mundiais e os lances do conflito tendem a afetar a economia de outros países em nível mundial, até porque as cadeias de produção e consumo estão interligadas. Um terço da produção de soja americana é vendida para a China e substituir essas toneladas dos EUA pode ser tarefa complexa. Na Argentina, a pior estiagem em 30 anos, pode levar os produtores a colherem a pior safra desde 2009. Essa quebra de safra mudou o cenário do valor da soja, já que a expectativa é de redução da oferta e aumento dos preços.

A consultora Agroconsult projeta que a produção de grãos diminua em 10 milhões de toneladas ante o volume colhido no ciclo anterior, enquanto a demanda global deve aumentar em 18 milhões de toneladas, puxada pela China e outros importadores. O mercado brasileiro tem sido beneficiado por ambos os eventos internacionais. Segundo o CEPEA/ESALQ, entre janeiro e abril, as exportações brasileiras de soja em grão superaram em 46,14% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, totalizando 8,4 milhões de toneladas. Na crise, quem entra mais competitivo, sai sempre beneficiado.

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