Todas as regiões do Brasil enfrentaram recentemente um sério problema de abastecimento de recursos com a greve dos caminhoneiros. Problemas associados à nossa forte dependência do setor rodoviário não ocorrem somente nas estradas, mas também nos centros urbanos, causando trânsito, poluição sonora e do ar, além do impacto ambiental da construção de ruas e avenidas. Essas são questões abordadas no Plano de Mobilidade Urbana de Juiz de Fora que, entre suas diretrizes principais, busca também uma diversificação nos principais modais de transporte urbano no município no médio e longo prazo.
Atualmente, a cidade enfrenta diversos problemas como trânsito, congestionamentos, poucas áreas de estacionamento e irresponsabilidade dos condutores, pontos comuns aos centros urbanos de médio e grande porte. De acordo com o Portal da Transparência da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) da cidade, só em 2018, o valor empenhado com pavimentação e manutenção de vias foi de aproximadamente R$ 12,26 milhões, cerca de 1,5% da receita municipal total de 2018. Além disso, no começo deste ano, o número de multas por estacionar em áreas irregulares foi superior a 6.500, e as infrações por excesso de velocidade superaram os nove mil casos.
De acordo com o IBGE, Juiz de Fora é a 36ª maior cidade do país, com uma população de 563.769 habitantes, além de ser a capital regional da Zona da Mata mineira, com mais de dois milhões de habitantes, provocando grande fluxo diário de pessoas dentro e fora dos nossos limites urbanos. Contudo, quando nos referimos à estrutura e urbanização de vias públicas, Juiz de Fora ocupa apenas a 359ª posição no ranking nacional, o que desperta atenção.
Por mais que hoje a cidade apresente uma dependência do transporte rodoviário, essa não era uma realidade em Juiz de Fora. A cidade chegou a apresentar diversas linhas de bondes, tecnologia que foi inovadora na chegada do século XX, sendo a quinta cidade do Brasil a implantar o modal. Com a entrada dos veículos automotores, o modal foi perdendo o seu espaço, até que em 1969 parou de circular entre as ruas juizforanas.
É recorrente discutirmos cada vez mais a importância da urbanização, com uma cidade mais sustentável e conectada por diversos meios de transporte. Parece complicado contextualizar o tema na nossa realidade local, já que logo imaginamos as grandes reformas e grandes obras dos grandes centros urbanos do Brasil, mas o que vemos é que nosso município cada dia cresce mais e, provavelmente, teremos sim que pensar a cidade daqui para frente também nesses termos. E, nesse aspecto, o melhor exemplo que Juiz de Fora pode levar é o seu próprio passado.
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