Zona da Mata e sua agricultura cafeeira

Por Gustavo Luz e Leandro Venâncio

Diante do avanço tecnológico e da disponibilidade de recursos no meio urbano, grande parte da sociedade acaba esquecendo a origem e o modo como são produzidos os bens consumidos. Nesse aspecto, um setor de extrema importância é o da agricultura, provendo os insumos utilizados em vários outros setores, sendo largamente demandado internamente e, principalmente, exportado para todo o mundo, representando 46,41% do valor total das exportações brasileiras em 2017, pelos dados do Banco Central. De acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2017, Minas Gerais foi responsável por 9,75% de todo o valor da produção agrícola brasileira, com destaque para a produção de café, que representa 57,97% de todo o valor da produção nacional. Diante desta importância exercida pelo estado, é de interesse avaliar as mudanças ocorridas neste setor.

A Zona da Mata mineira é uma importante região produtora de bens agrícola e, de acordo com a PAM, em 2017 o café correspondeu a 85,05% do valor total da produção agrícola, ocupou 70,1% de toda a área destinada a agricultura da Zona da Mata. Outros produtos também merecem destaque em termos do percentual com relação ao valor da produção total, como a cana-de-açúcar (4,79%), milho em grãos (3,03%) e o feijão em grãos (2,24%). Conjuntamente, a produção de café, cana-de-açúcar, milho e feijão representaram 95,11% de todo o valor da produção agrícola da Zona da Mata mineira, com um valor de R$ 1,914 bilhões. Como comparação, em 2010, esses mesmos produtos somaram R$ 2,24 bilhões, em valores de 2017, representaram 89,75% de toda a produção agrícola da região. A principal diferença entre os anos analisados é que, em 2010, o valor arrecadado na produção do café não era alto como em 2017, o grão de milho e o grão de feijão representavam 17,96% de todo o valor da produção, demonstrando maior diversificação na produção.

Algumas microrregiões da Zona da Mata merecem destaque. No ano de 2017, em Manhuaçu, Viçosa e Muriaé, a produção de café representou, em média, 75,64% de todo o valor da produção agrícola desses municípios. Para Juiz de Fora, Ubá, Cataguases e Ponte Nova, observa-se que esses municípios ganharam destaque na produção de cana-de-açúcar, feijão, mandioca, dentre outros, demonstrando assim uma produção diversificada e não concentrada no café, mesmo que este represente ainda cerca 25,17% de todo o valor da produção dessas regiões. Para Cataguases, é importante destacar que houve um aumento de mais de 4 vezes em sua produção de café num comparativo entre 2017 e 2005. Pelos números, conclui-se que não ocorreram grandes modificações entre os anos de 2010 e 2017. O café continuou sendo aquele que mais arrecada para a agricultura da mata mineira, ainda que com uma produção mais diversificada. O fato indica que a concentração na produção do café deve ser pensada para que se evite a construção de uma dependência do setor agrícola mineiro a apenas um produto e este acabe por não maximizar os ganhos econômicos de sua produção.

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