A educação mundial vive um momento inédito em sua história. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no mês de março de 2020, 165 países fecharam suas escolas devido às políticas de distanciamento social decorrentes da Covid-19. Diante deste cenário, a velocidade dos fechamentos das instituições de ensino promoveu um desafio sem precedentes na educação, o que levou escolas e universidades a buscarem alternativas de educação a distância.
Trazendo a mesma discussão para a conjuntura brasileira e, mais especificamente, para Minas Gerais, o Governo do Estado tem tentado criar soluções para amenizar os impactos da pandemia na educação, as quais variam desde envio de materiais com conteúdo e tarefas a aulas virtuais e transmitidas pelas TVs locais. Entretanto, vale ressaltar que, mesmo com a construção de diversas medidas para atender às demandas dos jovens mineiros, cerca de 700 mil alunos ainda não terão acesso às alternativas de ensino a distância do Governo, conforme dados da Secretaria de Estado de Educação de Minas (SEE-MG).
É importante destacar que a SEE-MG tem conhecimento de que, mesmo com a ampliação das alternativas, não será possível alcançar todos os alunos de escolas públicas. Isso se deve ao fato de que 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas não possuem meios de acesso à internet, como divulgado pela pesquisa de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) com foco na educação em 2019. Além disso, o modelo de aula transmitida pela TV enfrenta o fato de que o sinal da emissora escolhida chega a apenas 186 dos 853 municípios do Estado, o que representa uma cobertura de 22% das cidades de Minas Gerais.
O resultado do quadro educacional do país sucede muito além dos prejuízos econômicos, visto que se depara com um problema antigo do sistema educacional brasileiro: evasão escolar. A pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus” realizada pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), em parceria com ‘Em Movimento’, programa da Fundação Roberto Marinho, contou com a participação de 33.688 jovens, dos quais mais de 30% dos que responderam ao estudo pensam em deixar a escola depois do fim da pandemia. Além disso, entre os que planejam fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), principal forma de acesso às universidades públicas do país, 49% já pensaram em desistir. Nem sempre as medidas adotadas são eficientes aos olhares dos mais prejudicados e a pandemia reforça ainda mais o nível de desigualdade da educação brasileira. Uma das faces mais tristes da crise.