O consumo de eletricidade no Brasil registrou aumento de 1,8% nos três primeiros meses de 2023 em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Esse crescimento acompanhou a expansão do PIB (4%) do país, impulsionado pelos setores agropecuário, de serviços e indústria. Além disso, houve um aumento nas exportações, no consumo das famílias e um crescimento modesto no consumo do Governo e na formação bruta de capital fixo.
O consumo residencial apresentou o maior crescimento, seguido pelos setores comercial e industrial. O aumento no consumo de eletricidade residencial está em sintonia com a expansão da demanda das famílias, que foi positivamente influenciada pela melhora nos indicadores de trabalho, como a redução da taxa de desocupação e o aumento dos rendimentos médios reais. Além disso, fatores como o clima quente e seco em algumas regiões, o aumento da base de consumidores, a redução das tarifas de energia elétrica e melhorias implementadas também podem ter contribuído para o aumento do consumo no trimestre.
Já o crescimento do consumo de eletricidade do setor industrial está alinhado com a alta no valor adicionado da indústria no mesmo período. Vale ressaltar que a variação no consumo de energia elétrica não foi homogênea entre as atividades do setor. Das 37 atividades, 19 apresentaram retração no consumo de energia. Esses resultados estão de acordo com os dados da produção física industrial (PIM-PF/IBGE), que registrou queda em diversos ramos, como siderurgia, metais não ferrosos, químicos, têxteis e açúcar. Por outro lado, a produção de cimento e celulose apresentou aumento.
No setor comercial, o crescimento no consumo de eletricidade acompanhou o crescimento no valor adicionado dos serviços. Dados da pesquisa de serviços (PMS/IBGE) indicaram um aumento de 5,8% no volume de serviços no trimestre, com expansão na maioria das atividades, como aluguéis não imobiliários, alojamento e transporte rodoviário de passageiros. No entanto, o transporte aéreo registrou uma retração. No comércio, o indicador mensal de vendas no varejo ampliado acumulou alta de 3,3% no trimestre.
É importante ressaltar que esse cenário de crescimento do consumo de energia pode enfrentar obstáculos nos próximos meses. Os reajustes tarifários, que têm sido observados recentemente, podem impactar negativamente o consumo. As altas tarifas de energia elétrica podem afetar diretamente a capacidade financeira das famílias e empresas, comprometendo suas rendas disponíveis para outros fins. Com um orçamento mais apertado devido aos custos energéticos, é possível que haja uma redução nas atividades de consumo em geral, o que pode impactar o desempenho da economia como um todo.
Por Gustavo Andrade, Maria Clara Mazzini, Jamaika Prado e Weslem Faria