Quanto custa um Big Mac?

Por Wilson Rotatori, Vinícius Nardy, João Victor Rezende, ísis Lira e Luís Filipe Massei

Um ponto bastante discutido em economia é o poder de compra de uma população, e é extremamente comum comparar os países nesse aspecto. Existem variadas formas de fazer comparações, como o PIB per capita e a taxa câmbio, porém cada um desses modos tem seus problemas, o que dificulta na hora de assemelhar os países. Por isso, a famosa revista britânica “The Economist” criou o índice Big Mac, com o intuito de melhorar as comparações entre países.

O Índice Big Mac é um índice que mede o grau de valorização de uma moeda em relação ao dólar americano. A versão bruta leva em consideração a paridade do poder de compra de cada país, ou seja a base do índice é qual a quantidade de dólares necessária para comprar um Big Mac em certo local do mundo. Como a forma de produção e os ingredientes do Big Mac são extremamente parecidos ao redor do planeta, isso levaria a uma comparação interessante.

Pelo dado bruto, o Big Mac brasileiro se apresenta como o sexto mais caro do mundo, com um custo de US$ 5,11; já o mais caro é o suíço, custando $6,76 dólares. Para efeito de comparação, o preço do hambúrguer em território norte americano é de $5,28 dólares. De 2011 a 2016, o índice brasileiro apresentou um movimento de queda, saindo de 51,6% de sobrevalorização em relação ao americano para uma subvalorização de -32%. Nos últimos dois anos, no entanto, a taxa se estabilizou próxima de 0%.

Existe também a versão ajustada do índice, que, além da paridade do poder de compra, leva em consideração também o PIB per capita do país. Ou seja, a base da comparação passa a ser a seguinte: se o PIB per capita dos países fossem iguais, qual seria o custo do Big Mac nesse país em dólar americano.

Por esse critério, o Brasil se apresenta como tendo o Big Mac mais caro do mundo, com um sobrevalorização de 60% em relação ao americano. Em segundo lugar, estão Chile e Colômbia com 26%, demonstrando a grande diferença da moeda brasileira para as demais. Historicamente, o Bic Mac ajustado brasileiro sempre se apresentou valorizado em relação ao americano: em julho de 2011, apresentava uma valorização de 148,5%. Como no indicador bruto, o índice apresentou queda até janeiro de 2016, quando chegou a 7,4%, logo após voltou a crescer chegando aos 60% atuais.

Mas o que isso tudo significa? Levando em consideração apenas a paridade do poder de compra entre Brasil e EUA, os custos no Brasil são 3,2% mais baratos que os americanos. Entretanto, equiparando o PIB per capita dos países, o sanduíche brasileiro se mostra 60% mais caro, ou seja, o brasileiro necessita gastar 60% a mais que o americano (em relação à sua renda) para ter um bem. Esse resultado é extremamente importante já que ele demonstra que o grande diferencial do EUA para o Brasil atualmente está na produtividade de cada país pois, se com a suposição de mesma renda média o produto brasileiro é 60% mais caro que o americano, a despeito de serem iguais em ambos os países, então a diferença está na capacidade produtiva de cada nação.

O índice Big Mac é um importante artifício para se comparar o poder de compra de cada população, entretanto é importante ressaltar que a cesta em que o índice se baseia é muito simplória, contando apenas com um sanduíche. Se a cesta fosse um pouco mais complexa, o resultado poderia ter valores diferentes dos apresentados. Mas é um indício importante de onde precisamos melhorar em termos de relações de troca.

E-mail para [email protected]

Conjuntura e Mercados

Conjuntura e Mercados

A Tribuna de Minas não se responsabiliza por este conteúdo e pelas informações sobre os produtos/serviços promovidos nesta publicação.

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade pelo seu conteúdo é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir postagens que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.



Leia também