A visibilidade da Copinha e o imediatismo
Em tempos de Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, cada vez mais assistida *pela falta* de competições profissionais no mesmo período, um questionamento toma a internet e tem sido debatido por muitos torcedores espalhados no Brasil. Pensando no trabalho das categorias de base do clube, o que comprova que um jogador está preparado para ser utilizado no time profissional? Como ter certeza de que ele vingará mais à frente?
A prioridade é o aproveitamento no time adulto para posterior venda e lucro do clube. Natural que as equipes esperem um retorno pelo investimento durante os anos de base. Mas a fragilidade financeira das associações e até mesmo a cultura imediatista do futebol brasileiro sabotam muitos jovens que poderiam, em contextos mais saudáveis, se adaptarem às exigências do profissional e, aos poucos, gerarem os frutos tão esperados.
Veja os exemplos de Vasco e Fluminense, dois dos principais formadores do país. Em tempos de seca de alegrias, há uma esperança totalmente exagerada nos garotos da Colina. A torcida passa a depositar suas últimas doses de esperança no surgimento de estrelas do sub-20. Há torcedor que critique até mesmo o artilheiro da Copa, Figueiredo, autor de golaço na eliminação para o São Paulo, pela pouca produção na última Série B, em que o Cruz-maltino teve um dos piores times de sua centenária história.
Paralelamente a isto, o Fluminense, com uma equipe mais competitiva, vive anos de luxo na formação. Mesmo vendendo cedo, surgem novos nomes. Sou fã, por exemplo, de Luiz Henrique, atacante de lado, titular do time principal e que tem apenas 21 anos. John Kennedy, “o presidente”, é outro que promete. Mas uma coisa é estar capacitado física e tecnicamente para a Série A e outra é servir como solução pela fragilidade de uma instituição que vive seus piores anos, tanto desportivamente quanto no âmbito administrativo.
Prova de tudo isso é a saída do promissor goleiro Lucão, de apenas 20 anos, do Vasco rumo ao RB Bragantino. E o provável adeus de Bruno Gomes, que teve carro apedrejado ao lado de Galarza no ano passado por torcedores. Tratados por diretoria e torcida como se tivessem 20 anos de carreira e não de vida.
Se o jovem não é um Neymar da vida, ou alguém fora de série, ele precisa de paciência da torcida. Ganhar massa muscular não é do dia pra noite e é uma das principais demandas na transição para o adulto. O que dirá, então, da confiança? Lidar com a famosa pressão no esporte é do jogador, sim, mas tem limite. Ou deveria existir. Poderia ser nosso filho, afinal.