Dez anos daquele Djokovic
A foto é ruim, feita por mim, mas tem muito valor na memória. Era novembro de 2012 e eu estava no Maracanãzinho feliz da vida. Assisti pela primeira vez in loco uma apresentação de Guga, um dos meus maiores ídolos no esporte, e simplesmente o já número 1 do mundo à época, o sérvio Novak Djokovic.
Aquele dia ficou marcado de uma forma que eu não esperava. Era um amistoso que lotou o ginásio e entregou um show de humor dos protagonistas também. Eu esperava um ótimo duelo, mesmo com Guga aposentado e Djoko pegando leve pra não bater o anfitrião diante de seus fãs. Mas fui surpreendido.
Apesar de gostar mais de Nadal e Federer, me encantei com a personalidade do sérvio. Brincou com crianças e com o público, colocou a peruca do Guga, como na foto, e jogou alguns pontos com ela sobre a cabeça arrancando risos dos milhares presentes. Aproveitou o saibro para fazer, com a raquete, aquele coração icônico da conquista de Kuerten em Roland Garros, 2001.
Mas quase dez anos depois, mais maduro e, para muitos, o maior tenista de todos os tempos, inspirando muito mais pessoas, o mundo do tênis tem como principal notícia hoje, e até das últimas semanas, a insistência de Novak em não se imunizar contra a Covid-19. “Djokovic diz estar disposto a perder torneios para não se vacinar”, destaca a Agência Estado e outros veículos.
“Nunca fui contra a vacinação”, disse o sérvio. “Mas sempre apoiei a liberdade de escolher o que você coloca em seu próprio corpo. Este princípio é mais importante que qualquer título para mim”, acrescentou o tenista que, em meio à pandemia, já organizou torneio sem sequer respeitar medidas de distanciamento.
Se aplaudi tanto aquele grande amistoso no Maracanãzinho e inúmeras vezes Djokovic nos Grand Slams que cansou de vencer, hoje torço como nunca por uma reviravolta. Que seu carisma se transforme, na mesma proporção, em amor ao próximo. Porque, além de seus entes e pessoas próximas, você também afeta milhões de crianças e fãs no mundo.
Aquele Djokovic de 2012 não pode ser o mesmo do que este de hoje. Certamente não é, na maioria dos aspectos. O respeito segue, mas prefiro lembrar de você com 25 anos, muitos troféus a menos e a cabeça no lugar.