Sem choro a com certa justiça, o Cruzeiro levantou seu quinto troféu da Copa do Brasil. Sem dominar a partida, a Raposa pode creditar mais uma taça ao goleiro Fábio, que fez boa defesa em chute de Guerrero – um dos raros bons momentos do Flamengo na decisão – e parou o pênalti cobrado por Diego. Por mais que Fábio tente creditar o sucesso a Deus, os méritos são, de fato, dele e dos comandados de Mano Menezes, afinal Deus também deve ter ouvido inúmeras preces de jogadores e torcedores flamenguistas.
Campeão de fato e de direito, no entanto, as cinco estrelas não enchem de brilho os olhos de quase ninguém. O título é merecido, mas o que se viu foi um jogo de baixíssimo nível técnico. Não existiu sequer a raça extra comum em decisões. Parecia mais um jogo de meio de tabela de duas equipes de meio de tabela. O triste é que a letargia da partida apenas espelha uma realidade nem tão recente de um futebol brasileiro insosso, em que, em meio a uma infinitude de volantes, destacam-se peruanos, colombianos, equatorianos, uruguaios e argentinos que ainda lutam por um lugar ao sol do oásis chamado futebol europeu.
Talvez seja esta falta de brilho dos confrontos que faça aumentar cada vez mais argumentos estapafúrdios para as derrotas tão naturais no esporte. Um deles é o hábito de sempre culpar a arbitragem por qualquer revés, como tentou fazer o goleiro rubro-negro Muralha, ao alegar dois toques inexistentes na cobrança decisiva de Thiago Neves. Ou pior: a insipidez na qual chafurda o futebol brasileiro alimenta exageros e perseguições, como sofreu e sofre o próprio Muralha, achincalhado por torcedores flamenguistas e adversários e por parte da imprensa, em especial, por um jornal que não me atrevo a dizer o nome.