Déficit no aprendizado: saiba quando é preciso procurar ajuda para seu filho
Questões não estão vinculadas à causas educativas (exógena), mas sim às causas endógenas (internas). Para identificar os déficits é preciso observar as atitudes da criança
Qual sua impressão acerca destes trabalhos? Na sua opinião, qual a idade deste indivíduo?
Imaginaram uma criança menor de 6 anos?
A autora é uma mulher de 28 anos que estuda em uma escola estadual de Minas Gerais, no EJA (Educação de Jovens e Adultos), que teve, recentemente, o diagnóstico médico de Déficit Intelectivo.
E quais são as suas impressões acerca do caderno desse rapaz de 14 anos?
Escrita ilegível e desorganizada… Será preguiça? Falta de exercícios de caligrafia? Desinteresse pelo estudo? Não. Ele apresenta Disgrafia e Disortografia.
Você conhece alguma criança que constantemente pede para repetir o que foi dito e está sempre perguntando: “hã?”, “o que?”, tendo dificuldade em compreender a mensagem acústica principalmente em ambientes ruidosos? Ela pode estar manifestando um Distúrbio no Processamento Auditivo Central (DPAC).
Os três casos mostrados acima denunciam uma diferença entre o que é esperado e a realidade, indicando prejuízo na execução da atividade; em todos os exemplos vemos déficits.
Déficit no aprendizado, então, é esse hiato, é a distância entre o que é característico de determinada fase do desenvolvimento e o que a pessoa consegue realizar; são dificuldades no processo de aprender com um aproveitamento pedagógico insuficiente. Essas questões não estão vinculadas a causas educativas (exógenas), mas sim a causas endógenas (internas): habilidades executivas, ou cognitivas, ou psicomotoras, ou emocionais, ou funcionais.
Para identificar os déficits é preciso observar as atitudes da criança – a repetição com que aparecem e o grau de dificuldade apresentada. A escola torna-se (deveria tornar-se), assim, a grande aliada da família, já que tem (deveria ter) a capacitação técnica e o dever formativo de fazer o reconhecimento dessas lacunas e sugerir avaliação de um especialista. O professor necessita ter condições mínimas de reconhecer falhas no processo de aprendizagem, cabendo somente à equipe especializada (médicos, psicopedagogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais) o diagnóstico.
O déficit de aprendizado é uma desordem, um distúrbio porque traz um grupo de dificuldades pontuais e específicas que afetam a capacidade cerebral para receber, processar determinada informação e gerar uma resposta; são dificuldades significativas na linguagem (escrita ou falada), ou na coordenação motora, ou na percepção, ou no raciocínio, ou na lentidão para compreender e executar uma tarefa, ou nas habilidades matemáticas, ou na atenção, memória, ou na escrita ortográfica das palavras, dentre outras.
Podemos citar outros déficits no aprendizado: Dislexia, Discalculia, Dislalia,Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Autismo, Distúrbio Específico da Linguagem (DEL).
Quando o professor e os pais já tiverem tentado intervir nas dificuldades de aprendizado ou nos comportamentos inapropriados da criança e mesmo assim ela continuar apresentando-os, então é o momento de encaminhá-la para uma avaliação profissional.