Tribuna preserva 42 anos de história para consulta on-line
Necessidade de incorporar medidas tecnológicas fez com que o jornal, que completa 42 anos este mês, formasse uma parceria com a empresa Célula Gestão de Documentos; acervo ainda não está à disposição do público geral
Durante muitos anos, o armazenamento do jornal Tribuna de Minas era feito através de coleções de jornais, que eram compiladas mensalmente, encadernadas e enviadas para bibliotecas, escolas e ficavam também na redação. No entanto, como explica Paulo César Magella, editor-chefe do jornal, a frequência das publicações e o tempo de circulação do jornal faziam com que pilhas e mais pilhas de jornais fossem acumuladas, ocupando bastante espaço e fazendo com que a pesquisa fosse complexa. “O tempo é inimigo do papel, então as edições iam se deteriorando, e por consequência perdíamos dados históricos”, explica. A necessidade de incorporar medidas tecnológicas fez então com que o jornal, que completa 42 anos de existência este mês, formasse uma parceria com a empresa Célula Gestão de Documentos, possibilitando, como ele explica, que houvesse uma “garantia de que a história do jornal estará mantida para todo o sempre”.
A Célula é uma empresa de guarda física e digital de documentos, tendo um parque industrial com toda a segurança e o aparato necessário para grandes empresas. Como esclarece Horastor dos Santos Filho, seu diretor executivo, o armazenamento físico ocorre em grandes galpões, enquanto o digital fica disponível on-line, para que todos os colaboradores da Tribuna tenham acesso e possam procurar por palavra-chave o que precisam. “Todas as edições estão digitalizadas, respeitando todo o processo do jornal físico, da ordem do dia e número de páginas. É possível pesquisar por campos de filtro para chegar ao jornal específico, e também fazer uma busca por conteúdo, em que é detalhada uma palavra para localizar os jornais que têm esse conteúdo. Esse processo transforma os caracteres da imagem para os caracteres pesquisáveis”, explica. A partir desse processo, os indivíduos que têm autorização para a pesquisa podem decidir o que querem ou não analisar. O acervo ainda não está à disposição do público geral.
Para Horastor, fica claro que a importância é que, apesar de não ter a guarda física, a guarda digital preserve a história construída até o momento “por um órgão de imprensa sério, responsável e comprometido”. Sendo assim, é possível ter fácil acesso e garantia de que está devidamente guardado. “Com isso, registrou os últimos anos de história de Juiz de Fora e região. É um acervo muito importante e que tem que ser preservado, o que é feito pela Célula, sempre mantendo a íntegra desse material”, diz. Da mesma forma, Paulo César Magella destaca que os esforços para que o jornal se adeque aos novos tempos fazem com que avanços importantes ocorram no próprio trabalho jornalístico. “Hoje, isso não ocupa nenhum espaço físico, e faz com que as pessoas tenham mais disponibilidade de horário e de acesso, seja de onde for. É o que está sendo feito também com documentos públicos, e a tendência é de que isso vá se aperfeiçoando cada vez mais com o advento da inteligência artificial”, afirma.
Ferramenta aliada ao trabalho jornalístico
Na redação da Tribuna, como explica a repórter Cecília Itaborahy, essa ferramenta é aliada no trabalho diário e consegue atender a diferentes propósitos. “A gente geralmente usa esse acervo da Tribuna para fazer alguma matéria histórica, recuperar algum acontecimento ou encontrar pautas. É um acesso facilitado, em que podemos olhar tudo que já saiu, inclusive as coisas mais recentes até o primeiro jornal”, conta. Recentemente, ela fez uma reportagem sobre a história do Festival de Rock de Juiz de Fora, que completou 40 anos, e usou o acervo para encontrar fotos que tinham sido feitas na ocasião.
Além do acesso digital, ela explica que a Célula também abriga, com todos os cuidados, fotos antigas que foram feitas pelo jornal. No caso do festival, ela encontrou fotos de 1983, que eram totalmente inéditas, e que estavam preservadas como se fossem novas. “É importante ter acesso a esses materiais para ver o que acontecia antes, para até indicar alguns caminhos de fontes e facilitar a busca”, explica. Outra função importante, em sua visão, é a possibilidade de conferir quando alguns fatos aconteceram e como o jornal, na época, escolheu contar – é o que ela faz, frequentemente, na coluna “O meu lugar”.
Cecília também cita que, durante uma matéria que fez sobre hamburguerias de Juiz de Fora, foi possível encontrar registros que nem mesmo os proprietários dos espaços tinham sobre o local, sendo uma forma de observar a passagem do tempo. “Podemos ver várias pessoas que passaram pela Tribuna, que escreveram as matérias. É também a história dos jornalistas que passaram pelo jornal e a história da cidade mesmo. Assim, podemos ver o que aconteceu, recriar agora, verificar o que mudou, o que continua e até o que, às vezes, podemos aprender para melhorar”, diz.