Juiz de Fora passa a tratar 30,8% de esgoto a partir do próximo dia 31
Até o final de junho, percentual sobe para 42,5%, e, em dezembro, alcança a marca de 47,5%
A Roda de Conversa sobre Sustentabilidade, o mais novo projeto editorial da Tribuna, realizado com apoio do Moinho Zona Norte, não poderia ter começado de forma mais significativa. Com o tema “Despoluição do Rio Paraibuna”, o diretor-presidente da Cesama, Júlio César Teixeira, deu uma verdadeira aula sobre saneamento, e antecipou inclusive que, no próximo dia 31 de maio, aniversário da cidade, a companhia acionará os equipamentos que vão bombear o esgoto coletado da Universidade Federal de Juiz de Fora, dos bairros Dom Bosco, Cascatinha e São Mateus, e da Avenida Itamar Franco até a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria.
O início desta operação representa um acréscimo expressivo no volume de esgoto tratado na cidade que passará dos atuais 15 litros por segundo para 315 litros por segundo até o final de junho. “Vamos começar com 200 litros por segundo, para não impactar muito a população que mora no entorno da estação de tratamento. No dia 31, vai começar a chegar 215 litros por segundo e, quando passar um mês, vamos aumentar para 315 litros por segundo. Tem que ir devagarinho para não gerar impacto na população que mora na redondeza”, disse o presidente da Cesama, durante entrevista ontem ao editor geral, Paulo César Magella, no auditório do Moinho.
Maior estação de tratamento de esgoto do projeto de despoluição do Rio Paraibuna, a ETE União-Indústria tem capacidade para tratar 860 litros por segundo, que representam 65% de todo o esgoto gerado em Juiz de Fora. Orçada em R$ 25 milhões, a ETE iniciou suas atividades em junho de 2020 e, até o final deste ano, observou Júlio Teixeira, receberá também o esgoto coletado no Centro da cidade, no trecho compreendido pelas as ruas Halfeld, São João, Santa Rita, Marechal Deodoro e Floriano Peixoto.
De acordo com informações do site da companhia, “das cinco estações elevatórias de esgoto previstas, a Cesama já finalizou duas: uma no Centro (que entra em operação no próximo dia 31), e outra no Bairro Vila Ideal, que já está operando. As unidades têm como objetivo bombear o material coletado nas redes implantadas na Avenida Brasil, através das regiões mais íngremes da cidade. A unidade do Centro, próxima ao Viaduto Augusto Franco, levará o material que antes era despejado nos nossos cursos d’água até a Avenida Francisco Valadares, de onde seguirá até a elevatória de Vila Ideal, a maior unidade dentre as cinco previstas, para então chegar à ETE União-Indústria”.
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Despoluição começou em 1996
Considerada uma das maiores obras já realizadas em Juiz de Fora, a despoluição do Rio Paraibuna começou na gestão do ex-prefeito Tarcísio Delgado,em 1996, explicou o presidente da Cesama. “O prefeito fez três empréstimos na Caixa Econômica Federal para construir a primeira estação de tratamento de esgoto, que atende a Mercedes-Benz e o Bairro Barreira do Triunfo, que já funciona desde 1999. Depois foi feita a ETE Barbosa Lage, a segunda estação. Em 4 de junho de 2007, é dada a ordem para fazer o serviço de despoluição de grande parte da cidade, que é a calha do Rio Paraibuna. Ou seja, passar interceptores, tubulações de grande porte em uma margem e na outra da Avenida Brasil. Por problemas outros, foi licitada, mas não pode começar por entendimento do Tribunal de Contas da União”, observou Júlio, na entrevista que estará disponível em vídeo, a partir do próximo domingo, no portal da Tribuna.
“As obras começam efetivamente em 2013 e vem sendo implantadas. Hoje nós tratamos 7,5% do esgoto. O projeto está pronto, a fase 1 já acabou. De 2013 até os dias de hoje, foram instalados tubos de grande porte nas margens do Rio Paraibuna que vão receber as redes de esgoto que chegam das ruas da cidade, e também serão feitas tubulações nos córregos. Nós vamos coletar esse esgoto todo, para ir tratando. Agora, o que é chamado de a calha do Rio Paraibuna, que pega de Barbosa Lage até a estação de tratamento da União-Indústria, inaugurada em 2018, está pronta, mas só recebe 15 litros por segundo, porque a obra estava em execução, assim como surgiram dificuldades, desapropriações precisavam ser feitas”, acrescentou o diretor-presidente.
Os trabalhos também foram interrompidos com a perfuração da tubulação durante a obra de fundação do Viaduto do Bairro Tupinambás. “Tivemos que refazer esse trecho.Terminamos a obra em 2021. Quando íamos inaugurar, infelizmente, tivemos um furto de cabos de energia e equipamentos. Por isso, nas sete elevatórias que têm os equipamentos mais importantes da Cesama, temos segurança armada 24 horas. É uma nova realidade que exige isso, para que possamos, no dia 31, inaugurar a obra que começou em 2013”, observou Júlio Teixeira.
Despoluição dos córregos marca a segunda fase
A segunda fase do projeto que visa a eliminar o lançamento do esgoto sem tratamento nas águas do Rio Paraibuna é a despoluição dos córregos. O primeiro deles é o Córrego Tapera, um dos maiores cursos d’água da cidade, cujo projeto já está em execução. “Um lugar extremamente difícil de trabalhar. A empresa está tendo muita dificuldade. Dali vem mais de 95 litros por segundo”, explicou o diretor-presidente, ao se referir à região dos bairros Parque Guarani, Bandeirantes e Bom Clima.
“Contratamos agora e assinamos o contrato da despoluição do córrego de Santa Luzia, que são mais 150 litros por segundo. E depois, o que vai representar o grande salto, estamos esperando a liberação da Caixa Econômica Federal, é o Córrego São Pedro. Ele compreende toda a Cidade Alta, que é um volume entre 200 e 250 litros por segundo. O projeto está pronto, mas só será licitado quando a Caixa liberar”, finalizou Júlio Teixeira.