Cartas à JF: orgulho de viver Juiz de Fora
Minha querida ‘Jidifora’,
Me lembro da sensação de dormir no apartamento das minhas tias em frente ao Fazendinha: o barulho amigável e a projeção dos faróis dos carros na parede do quarto. As lâminas horizontais da persiana me deixavam acompanhar as luzes até pegar no sono. Quando eu voltava pra casa no fim das férias, fechava os olhos e tentava reproduzir aquela atmosfera antes de dormir. E sonhava com o carpete do corredor e os papéis picados que a gente jogou pela janela da sala na Independência quando o Brasil foi tetra e com a baguete de queijo enorme da Maxi Pão e com o coral do CES cantando no Parque Halfeld, perto do Natal. Pensar na minha infância é lembrar de você.
Me lembro da minha primeira noite morando em São Matheus, e do meu sorriso: não era mais projeção ou lembrança. Me preparava pra pegar o 525 e descer na Engenharia e ir pras minhas aulas no prédio antigo do IAD e pra almoçar no RU e depois dormir debaixo da árvore e pros estágios e pros trabalhos e pra pegar aquele diploma no palco do Teatro Central. Pensar na faculdade é lembrar de você.
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Me lembro do primeiro porre e do primeiro amor e do coração partido, de chorar na Rio Branco, voltando a pé do Muzik e do cachorro-quente de madrugada em frente à Planet Music, de tomar chuva em frente ao Alameda e do cinema por um real. Pensar na minha juventude é lembrar de você.
Quando me perguntam, sou Juiz-forana honorária, com muito orgulho. Porque por mais que eu vá e volte e que eu tenha ido e voltado, suas ruas se misturam com as minhas, suas histórias são minhas histórias, o meu jeito de falar se parece com o seu, e enquanto houver Juiz de fora, essa cidade que é o lugar de tantos como eu, enquanto houver Juiz de Fora, e as minhas lembranças e as minhas memórias, eu tenho um lugar pra chamar de meu.
Moema Sarrapio, professora
Tópicos: cartas a jf