Disputa de grupos rivais e tráfico foram as causas de homicídios em janeiro

Polícia Civil conseguiu elucidar as causas dos crimes, cujos suspeitos adolescentes estão acautelados


Por Vívia Lima

31/01/2019 às 19h58- Atualizada 31/01/2019 às 19h59

A Delegacia Especializada em Homicídios elucidou as três mortes violentas ocorridas, em Juiz de Fora, este ano. Os crimes ocorreram logo nos primeiros dias de 2019, e as investigações apontam que todos eles foram praticados por adolescentes. Duas das ocorrências teriam sido praticadas por um jovem de 15 anos e ocorreram em um intervalo de dois dias, chocando a população pela crueldade praticada em decorrência de rixa entre grupos rivais. Nos dois casos, as vítimas foram surpreendidas pelos disparos a curta distância e, mesmo quando já estavam caídas no chão, foram alvejadas por mais tiros à queima-roupa, na Vila Esperança I, na Zona Norte.

políciacivil
Equipe apresentou balanço dos crimes de janeiro e divulgou detalhes sobre morte violenta em novembro do ano passado (Foto: Vívia Lima)

A vida de André Luiz de Azevedo, 39, teve fim no dia 6 de janeiro, após ter sido executado, em plena luz do dia, na Rua Clementina de Jesus. Os militares foram avisados do crime, porém, quando chegaram, André já havia sido socorrido. Ele não resistiu aos três tiros na cabeça e um no peito e morreu na UPA Norte. O irmão do rapaz contou à PM que estavam conversando em via pública, quando o adolescente se aproximou e abriu fogo, na companhia de um comparsa. Após o primeiro disparo, o homem caiu, e o atirador efetuou outros três disparos e fugiu. De acordo com a investigação, André residia na Vila Esperança II e teria ido visitar sua mãe na Vila Esperança I. Ele acabou executado devido à disputa entre grupos dos dois bairros. Dois dias depois, Ilson Pires Ribeiro, 30, foi executado com cerca de dez tiros na Rua João Ribeiro Novaes, quando seguia na companhia da namorada. O adolescente de 15 anos é apontado como um dos autores em ambos os crimes. “No primeiro caso, esse menor não quis atirar e, já no dia 8, o obrigaram a efetuar os disparos. Neste dia, ele foi acompanhado de um outro menor e disparou como forma de demonstrar que teria coragem, uma vez que havia se negado na data anterior”, garante o delegado Rodrigo Rolli.

Ilson teria sido morto pelos suspeitos por acreditarem que ele estaria mantendo ligações com integrantes de grupos da Vila Esperança II. “Foram mais duas mortes sem sentido pelo simples fato envolvendo rivalidade entre gangues.” As investigações prosseguem a fim de apurar se as armas foram alugadas ou emprestadas para as execuções, assim como investigar se os crimes têm participação de um possível mandante.

Mulher morta apedrejada

Dentre os crimes apurados está o assassinato de Rosana da Silva Campos, 48. O episódio chocou a população e chamou atenção pelos requintes de crueldade. O corpo dela foi encontrado com diversas pedras ao redor em um estacionamento, na Rua Eurico Viana, na Vila Alpina, Zona Leste, na manhã do dia 10. O documento policial aponta que ela teria sido empurrada de um barranco e depois apedrejada. De acordo com informações que constam no inquérito policial, Rosana já havia sido agredida por um jovem na semana anterior ao crime. Ela seria usuária de drogas, teria adquirido entorpecente do adolescente e não teria realizado o pagamento. “Sabemos que ela teria uma dívida de R$ 20. Mas esse valor não foi confirmado pelo suspeito”, afirmou o inspetor Anderson Gibi.

Adolescentes acautelados

Um adolescente, 17, apreendido em flagrante pela PM, suspeito de ter cometido a morte de Rosana, está acautelado no Centro Socioeducativo desde 10 de janeiro, assim como os três adolescentes suspeitos de participação nos homicídios ocorridos na Vila Esperança I. Um deles foi capturado no último dia 14. Contra ele havia mandado de busca e apreensão expedido pela Vara da Infância e Juventude. Já os outros dois foram pegos durante a operação Asfixia, do 27º Batalhão da PM. Em 11 de janeiro, os militares descobriram que um deles estava escondido em uma residência na Rua Lima Duarte, em Benfica. Outros rapazes, de 14, 17 e 18 anos estavam na casa, e a PM precisou disparar um tiro de borracha para conter os ânimos, porque eles teriam tentado impedir os policiais de conduzirem o suspeito. Após tentar fuga, o jovem confessou participação no assassinato de Ilson Pires Ribeiro e alegou ter matado o homem por já ter sido agredido por ele em data passada. Seu comparsa foi apreendido um dia antes e este teria participado do homicídio de André Luiz de Azevedo, 39, como apontaram as investigações da Polícia Civil.

Polícia elucida morte de rapaz encontrado carbonizado

Kevin de Souza Santos, 18, foi brutalmente assassinado e teve o corpo carbonizado em 13 de novembro de 2018, por dois rapazes, de 20 e 30 anos. Os suspeitos foram presos na última quarta-feira (30), no Parque Independência, região Nordeste, mesmo local onde ocorreu o crime. Um adolescente, 16, também é apontado como suspeito. A participação dele ainda é investigada pela polícia.

De acordo com a Polícia Civil, a motivação do crime seria uma dívida de drogas de R$ 2 mil. “Estamos esperando a conclusão do laudo para comprovar o laço da participação desse jovem no crime, uma vez que ele está com uma queimadura na mão. Já os outros dois foram reconhecidos por testemunhas oculares do fato”, afirma Rolli.  Os homens serão indiciados por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, dificultando a resistência da vitima, além da crueldade empregada no crime devido ao fato de terem queimado o rapaz após os disparos de arma de fogo. Eles poderão ainda responder por corrupção de menores, devido à participação de um adolescente no assassinato. Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada pelo irmão da vítima, que contou que o jovem estava desaparecido. Ambos foram encaminhados ao Ceresp.

Janeiro se encerra com 3 homicídios contra 12 em igual período do ano passado

Conforme balanço apresentado durante coletiva de imprensa, nesta quinta-feira (31), o número de mortes violentas de Juiz de Fora caiu de 12 para três, no comparativo de janeiro deste ano com o mesmo mês no ano anterior. O delegado Regional de Juiz de Fora, Armando Avolio Neto, pontuou a apuração de 100% dos casos. “Essa diminuição é fruto de um trabalho conjunto, desenvolvido no ano passado, quando também atuei na Delegacia Especializada de Homicídios. Retiramos de circulação autores contumazes de todos os bairros”, afirmou, dizendo ainda que, à frente da Delegacia Regional, irá oferecer ainda mais suporte a fim de que os trabalhos continuem refletindo na redução de homicídios.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.