Qual educação priorizamos?
‘É tempo, pois, de fazermos perguntas incômodas. Em que medida realmente priorizamos a educação das crianças’
A celebração do Dia Internacional da Educação propõe reflexões para qualquer sociedade que pretende alcançar patamares mais elevados de desenvolvimento. A educação é condição essencial para o incremento de renda, para a promoção do convívio social civilizado e para o alargamento das opções de vida das pessoas.
Contudo, não parece que isso tenha se cristalizado na mentalidade dos brasileiros. De acordo com o último Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), 73% dos nossos jovens ficam abaixo do nível 2 em matemática, necessário apenas para realizar operações elementares (nos demais países avaliados a média é de 31%). Em português, metade não compreende o argumento de um texto como o que estamos a ler e, em ciências, 45% atingem o nível 2.
Nossas universidades, em paralelo, não figuram no topo de nenhum ranking internacional. Se é certo que temos pesquisadores brilhantes e cases exitosos, também é fato que muitos dos nossos melhores cérebros estão a emigrar e que a produção científica brasileira fica, em geral, aquém do que se esperaria de um país que possui mais de 2.500 instituições de ensino superior e que investe cerca de 5% do PIB em educação.
É tempo, pois, de fazermos perguntas incômodas. Em que medida realmente priorizamos a educação das crianças? Com que frequência sacrificamos a aquisição de certos produtos para garantir o acesso a livros? Acompanhamos periodicamente o aprendizado dos nossos filhos na escola ou delegamos tal missão, simplesmente olhando a nota final que obtiveram? Costumamos exercitar a curiosidade cultural e científica dos pequenos por meio de passeios, leituras, vídeos e conversas formativas ou preferimos entregá-los ao puro entretenimento? Damos primazia às propostas para a educação ao escolhermos um candidato e os resultados na área são considerados ao decidirmos se um governante merece ser reeleito? Pensamos seriamente na formação das nossas elites?
As intenções não bastam: é preciso transformá-las em ações. Se os gestores públicos têm seu quinhão de culpa, cabe entendermos que os políticos de algum modo são frutos da sociedade. À luz da sabedoria romana, “se queres um império, impera primeiro a ti”.
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