Água para todos, todos os dias


Por BRUNO SIQUEIRA, PREFEITO DE JUIZ DE FORA

24/01/2016 às 07h00

O simples e corriqueiro ato de abrir a torneira e dela ver cair água abundantemente chegou a ser um gesto de expectativa e temor em muitas cidades brasileiras nos últimos tempos. Havia o medo constante do desabastecimento, diante da ameaça concretizada nas imagens dos mananciais secos e improdutivos. Felizmente, esta difícil perspectiva foi contornada em Juiz de Fora graças a pelo menos três ações convergentes: à inauguração da adutora de Chapéu D’Uvas, à medida preventiva tomada imediatamente pela Administração Municipal – promovendo o rodízio de distribuição regional de água, como forma de reduzir o sangramento desenfreado nas adutoras e nas represas – e à participação, também imediata, consciente e efetiva dos juiz-foranos na atitude cidadã de saber que esta era uma medida necessária, para o bem de todos. E assim Juiz de Fora praticamente superou – ou está superando – a crise hídrica nacional à margem dos grandes dramas ou consequências mais graves.

Tudo isso emerge em um momento complexo, difícil e preocupante, em que o risco de desabastecimento é apenas um item no rol das incertezas de todo o país. Mas se há dificuldades – e há -, buscar alternativas e soluções é a obrigação de quem administra e tem consigo a certeza de que está promovendo o melhor para a cidade. Tanto é assim que, movida por essa preocupação, a atual Administração Municipal elevou, em muitos patamares, a consciência da necessidade de obras – muitas obras – para que o problema do desabastecimento não fosse apenas sanado, mas tratado com a gravidade do momento presente, assim como o prognóstico de que o que for feito agora estará construindo a sobrevivência das próximas gerações. Então, mãos à obra. Juiz de Fora foi – e está sendo – o cenário do maior volume de obras de abastecimento das últimas décadas.

Assim, o adjetivo “nova” passou a compor a realidade do juiz-forano desde 2014, com a inauguração, por exemplo, da adutora de Chapéu D’Uvas e da estação de bombeamento (booster) da Zona Norte. Todas elas componentes essenciais na estrutura da luta contra o desabastecimento. Paralelamente a isso, o roteiro desta “nova realidade” ganhou novos segmentos, como as obras que estão sendo feitas, e que serão inauguradas também muito em breve, como a subadutora de São Pedro (fundamental para assegurar o abastecimento para toda a Cidade Alta) e a estratégica interligação da adutora de Chapéu D’Uvas com a Estação de Tratamento na Remonta, que hoje trata unicamente a água da Represa de João Penido. Dessa forma, garantiremos – de maneira responsável – a preservação desta represa, pois o volume de água de Chapéu D’Uvas é aproximadamente dez vezes maior que o de João Penido. Nestes momentos, a crise econômica é, efetivamente, uma dificuldade, mas não o impedimento para a realização destas obras necessárias, importantes e fundamentais para nossa cidade.

As grandes necessidades da vida não podem esperar por tempos melhores. É o que estamos fazendo, a partir destas obras concluídas – e muitas outras que ainda virão -, que garantirão ao juiz-forano a tranquilidade na questão do abastecimento de água. É preciso agir pensando no presente e no futuro. E é também em função das perspectivas geradas por estas obras, e pela ação da própria natureza, que pudemos tomar a decisão de anunciar o fim do rodízio de distribuição de água na cidade. Uma decisão oficial que teve a compreensão de toda a população, ciente da seriedade do momento. As torneiras vão jorrar, agora, seguidamente, como sempre foi. O que não nos tira a responsabilidade, como administradores e cidadãos, de manter nossa consciência sempre alerta contra o desgaste excessivo, infrutífero e prejudicial da água em nossas casas. Não há mais rodízio – e Deus queira que nunca mais isso seja necessário -, mas deve sempre existir em nós a postura da vigilância e do respeito ao que a natureza nos concede.

E a natureza nos concede, constantemente, novas chances, esperanças e otimismo para seguirmos em frente. As últimas chuvas mostraram isso. Os mananciais estão reagindo, o Rio Paraibuna voltou à sua majestade, os córregos e as matas mostram seu vigor. E cabe a cada um de nós fazer desta alegoria natural a motivação para nos superarmos, para vencer os obstáculos. Há, portanto, uma convergência em benefício da cidade e de seu povo. A natureza, o cidadão e o Poder Público, nesta sadia cumplicidade, estão juntos, insistindo em demonstrar sua inabalável capacidade de reação, de luta e de fé.

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