Coração limpo
Em momentos do cotidiano de nossa luta no mundo, pensamos no futuro, procuramos maneiras de garantir um porvir que supomos justo, merecido e financeiramente seguro. Quando as agruras nos abordam, perguntamos, imersos em revolta, por que Deus nos proporcionou tal maldade, como se o criador parasse todo o universo com o simples objetivo de ferir um de seus filhos. Esse comportamento é o exemplo de nosso orgulho. Queremos tudo, exigimos cheios de justificativas e de todas as glórias. E o futuro deve ser exatamente como planejamos, com um único objetivo: satisfazer os nossos desejos.
Há nessa projeção do que desejamos uma pequena observação: para que os dias seguintes sejam melhores, nós devemos ser muito melhores. Por isso, Jesus ensina: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mateus, V, 8).
Existem pessoas de coração sujo e muitas outras de coração limpo.
Rancor, mágoa, ódio, inveja, orgulho, vaidade extrema, cobiça, vingança e outras tantas emoções afins poluem corações desavisados. E ninguém imerso em tais sentimentos conquista condições para sentir Deus. Pois são os sentimentos os condutores de todas as ações. Como é da sabedoria popular, a boca fala daquilo que o coração está cheio; do interior, procedem os pensamentos e as ações. Por isso, é necessário higienizar o coração, como se purifica a nascente de um rio, para que se beba água limpa.
A limpeza do coração tem início no “conhece-te a ti mesmo”, no interrogatório diário da consciência, substituindo o culto externo pelo interno, suprimindo as adorações genuflexas, as preces recitadas e adorações de ídolos que nenhum efeito têm diante de Deus. A higiene do coração se faz no esforço para combater o orgulho, renunciando ao egoísmo com todas as variantes danosas, abolindo todo tipo de preconceito e abraçando os ensinos do Cristo, visando sempre o bem ao maior número possível de semelhantes.
Em nosso modesto nível evolutivo na Terra, ter coração limpo é esforçar-se para ser bom, indulgente, caridoso, humilde, paciente, esquecer-se da aparência e buscar a realidade interior, renunciando ao mal, acolhendo o bem, priorizando as coisas de Deus, na certeza de que o futuro nasce no agora. Se ontem falhamos, por isso, estamos onde estamos e somos o que somos. Hoje, nos superamos no esforço de um presente de crescimento para o amanhã de elevação. Se assim não fosse tão absoluta verdade, Jesus não afirmaria que “bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”.
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