Um professor de libras
Acreditamos que renomadas universidades brasileiras, principalmente aquelas que oferecem cursos de gestão, sabem ou deveriam saber sobre a importância de um professor de libras. Isso porque os surdos (e não surdo-mudo) frequentam bares, restaurantes, universidades, lojas, trabalham em empresas de grande porte, ou seja, possuem uma vida igual à das pessoas ouvintes. Sendo a única diferença a diferença linguística. Diferença esta que é pautada somente na língua. Uma língua de gramática, sintaxe, fonética e tantas outras características iguais às das línguas orais.
Mas que língua é essa? Uma língua reconhecida oficialmente em nosso país em 2002. Seu nome: Língua Brasileira de Sinais, ou mais conhecida como libras. A lei: 10.436 ou lei de libras.
Gestor que se preze deveria ser conhecedor dessa legislação. Gestor que se preze deveria capacitar seus funcionários para se comunicarem com os sujeitos surdos, que, porventura, frequentassem o lugar por ele gerido. Isso é a tão sonhada agilidade e efetividade, “no atendimento das demandas da sociedade”, que as empresas devem buscar, ou seja, acessibilidade comunicacional (Brasil, 2000).
Este “fiscal”, que avaliou esta “universidade renomada, que oferece excelentes cursos de gestão”, merece todos os aplausos do mundo. Uma universidade renomada que não possui em seu quadro de profissionais um professor de libras está vivendo no tradicional, ancorada em um passado preconceituoso, burocrático, meritocrático, visando apenas gerir resultados e não gerir pessoas.
Desafios? Sim. Inúmeros. Acreditamos que o principal deles é ter um professor de libras numa renomada universidade. Outro desafio é “mudar” a concepção de que nós professores (de libras e de tantas outras ciências) somos desnecessários.
Entender o necessário como parte constituinte de uma sociedade que se quer dinâmica, equânime e com as engrenagens lubrificadas para que a roda da evolução continue girando, precisamos, sim, de… professores de libras!
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