Linguiça Artesanal de Juiz de Fora

“Os tempos passaram, os hábitos mudaram (…), mas as linguiças permaneceram sendo sucesso e referência de Juiz de Fora…”


Por Luiz Antônio Stephan, Bel em Comunicação, PP e historiador autodidata. Ex-diretor e presidente da Associação Comercial e do Sindicomércio

16/01/2024 às 07h00- Atualizada 16/01/2024 às 07h54

Meritória a iniciativa da Câmara de vereadores de Juiz de Fora (iniciativa de Cido Reis, PSB) que torna a linguiça artesanal fabricada em açougues e indústrias de Juiz de Fora, Patrimônio Cultural e Imaterial do município. A lei também institui a data de 15 de julho como o “Dia da Linguiça Artesanal”.

A história da linguiça em Juiz de Fora começa com a colonização alemã, que ocorreu em 1858, quando esses chegaram a, então, Santo Antonio do Paraibuna, oriundos da Confederação Alemã (Deutscher Bund), para formar a “Colônia D. Pedro II”, criada por Mariano Procópio Ferreira Lage.

Esses imigrantes tinham o hábito de criar porcos e abatê-los para consumo das famílias e usavam vários métodos de conservação dos produtos obtidos, entre eles, faziam as linguiças seguindo os costumes de sua terra natal. Um desses imigrantes, Jacob Stephan, adotou a profissão de açougueiro e fabricava e distribuía esses produtos.

Nas décadas de 1940/50/60, seu filho Arlindo, com o “Açougue Glória”, dominava o valioso mercado de banha de porco na cidade (naquela época não existia óleo de soja). A produção era enorme, e para permitir essa fabricação em escala, a carne que sobrava do porco era vendida bem mais em conta. Daí, também se fabricavam as linguiças. Com o tempo, o açougue no Morro da Glória se tornou referência para quem transitava na estrada que ligava Rio a Belo Horizonte, e todos compravam a famosa linguiça de Juiz de Fora.

Os tempos passaram, os hábitos mudaram (a soja surgiu e eliminou a banha), mas as linguiças permaneceram sendo sucesso e referência de Juiz de Fora, depois com os açougues “Jacobana” até a década de 1970 e “Stephan” até os anos 90. Nesse período, outras fábricas se somaram (Bartels, Glória com outra direção etc.), e toneladas de linguiças eram fabricadas e exportadas, diariamente, para outras regiões do Brasil, principalmente para o estado do Rio.

No final da década de 1990, por fatores adversos, as indústrias encerraram suas atividades, e a partir daí coube aos pequenos negócios guardarem essa tradição.

Chegamos então ao momento atual, quando a Câmara de vereadores toma a belíssima atitude citada acima, homenageando toda essa história e os atuais produtores.

Cabe, então, aos açougueiros e industriais se organizarem e aproveitarem essa oportunidade para desenvolver seus negócios, quem sabe se unindo em uma associação da classe para explorar todas as possibilidades.

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