Nova ZPE da Zona da Mata será instalada em Goianá
Licitação está em fase inicial, e obras devem ser concluídas em 2026, segundo Abrazpe
A Associação Brasileira de Zonas de Processamento de Exportação (Abrazpe) confirmou que a nova Zona de Processamento de Exportação (ZPE) da Zona da Mata será instalada em Goianá, próximo ao Aeroporto Presidente Itamar Franco.
De acordo com o presidente da Abrazpe, Helson Braga, a licitação está em fase inicial. A área de 200 mil metros quadrados pertencia ao Estado e, após articulações, foi doada ao município. O terreno está em processo de registro no cartório, e o projeto da ZPE aguarda os trâmites antes de seguir para aprovação do governo federal, em Brasília (DF). A previsão é que as obras tenham início em meados de 2026, com inauguração ainda no mesmo ano. O investimento estimado para a realização do projeto é de quase R$15 milhões, e caberá à Prefeitura de Goianá assumir ou negociar o valor.
Ainda conforme Braga, a área foi escolhida estrategicamente para atrair empresas de diversos setores, promovendo a geração de empregos e o desenvolvimento econômico regional. Duas empresas, uma do ramo de energia e outra de processamento de alimentos, já estão em negociação para se instalar no local.
As empresas que integrarem a ZPE contarão com benefícios fiscais, como isenção de tributos federais sobre importação, exportação e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O modelo garante, por até 20 anos, segurança jurídica para atuação no mercado internacional.
As ZPEs funcionam como áreas de livre comércio com o exterior, voltadas à produção de bens destinados à exportação. O Brasil possui 13 zonas autorizadas, sendo quatro já em funcionamento nos estados de Minas Gerais, Piauí, Ceará e Mato Grosso. Segundo a Abrazpe, juntas, elas geram mais de 4 mil empregos diretos.
Para Helson Braga, as ZPEs desempenham um papel fundamental no desenvolvimento regional. “Gera empregos, atrai empresas e proporciona retorno financeiro tanto para a Prefeitura quanto para o Estado.”
Além da nova unidade na Zona da Mata, o Triângulo Mineiro também abriga uma ZPE em expansão. Já em Teófilo Otoni, um projeto similar foi inviabilizado devido a entraves federais e municipais, como falta de área adequada e ausência de apoio político local, resultando em uma disputa judicial que praticamente encerrou a proposta. A expectativa da Abrazpe é encerrar o ano com 20 ZPEs autorizadas em todo o país.
Projeto é antigo
A proposta de criar uma ZPE na Zona da Mata não é recente. Em 2017, foi aprovada uma lei para a instalação da unidade no município de Rio Novo. O objetivo era beneficiar dezenas de cidades das microrregiões de Juiz de Fora e Ubá, com geração de empregos, aumento na arrecadação e fornecimento de insumos industriais.
Na época, Rio Novo era apontado como um dos poucos municípios da região com infraestrutura energética adequada, por meio da concessionária Energisa. A proximidade com aeroportos como Regional Itamar Franco, Santos Dumont, Galeão, Guarulhos, Congonhas e Viracopos também era considerada um diferencial logístico para o escoamento da produção. No entanto, o município não conseguiu reunir os recursos necessários para tocar o projeto adiante e acabou perdendo a autorização.
Parceria com a China
A Abrazpe tem apostado na internacionalização das ZPEs e acaba de firmar um acordo de cooperação com a China, onde essas zonas especiais são responsáveis por mais de 20% do PIB e concentram metade dos investimentos estrangeiros no país.
Segundo a associação, existem mais de 7 mil ZPEs em operação no mundo, em um modelo de negócio recomendado por órgãos internacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e o Banco Mundial.
Diante das incertezas no comércio global, intensificadas pelas políticas protecionistas adotadas durante o governo Donald Trump, o setor projeta uma reorganização nas cadeias produtivas internacionais. A expectativa é que empresas chinesas e até norte-americanas passem a buscar países da América Latina, como o Brasil, para instalar novas unidades, diante de um cenário geopolítico menos instável.
O presidente da Abrazpe confirmou que a parceria com a China já foi firmada e que Minas Gerais deve ser um dos estados beneficiados. Segundo ele, o acordo acontece por meio da articulação entre empresários dos dois países. “Enviamos uma lista com os empresários daqui que têm interesse em fazer acordo com empresários de lá.”
Ele destaca que a iniciativa é tipicamente privada, já que os chineses preferem entrar em novos mercados com parceiros locais, por questões culturais e de idioma. “Garimpamos no exterior os lugares com mais probabilidade de sucesso e recursos financeiros, e vamos até a China buscar empresas interessadas em parceria.”
* estagiária sob supervisão da editora Gracielle Nocelli
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