Queimadas na Zona da Mata afetam 270 mil clientes da Cemig em 2024
Companhia registrou 129 ocorrências na região e total de 1.240 incidentes em Minas Gerais, deixando 1,5 milhão de consumidores sem energia elétrica
A Zona da Mata contabilizou 129 ocorrências de queimadas que prejudicaram mais de 270 mil clientes da Cemig em 2024, período caracterizado por baixa umidade e vegetação seca, condições que favorecem a propagação de incêndios. Os dados fazem parte do levantamento da Companhia Energética de Minas Gerais, que registrou um total de 1.240 incidentes no sistema elétrico causados por queimadas em sua área de concessão no estado.
Segundo a Cemig, esses eventos provocaram a interrupção no fornecimento de energia para aproximadamente 1,5 milhão de consumidores em Minas Gerais, estabelecendo um recorde negativo na série histórica da empresa. O impacto das queimadas sobre o sistema elétrico em 2024 representa um aumento em comparação com o ano anterior. Em 2023, a Cemig havia documentado 442 episódios relacionados a incêndios, que afetaram cerca de 200 mil unidades consumidoras, evidenciando um crescimento de quase sete vezes no número de clientes prejudicados.
Desde 1995, a companhia mantém um sistema de monitoramento dos impactos da falta de energia em sua base de clientes. Até 2024, o pior cenário havia sido registrado em 2021, quando 940 incidentes provocados por fogo nas redes elétricas deixaram 738 mil consumidores sem eletricidade, número que foi superado no ano passado.
Principais causas e prevenção
“Vários equipamentos – como postes, cabos e torres – podem ser danificados pelas chamas e isso torna o restabelecimento do serviço mais demorado, o que pode trazer transtornos para os clientes das distribuidoras. Além disso, o volume alto de fumaça pode trazer sérios danos à saúde, principalmente nesta época do ano em que doenças respiratórias são mais comuns”, afirma Taumar Morais Lara, engenheiro de Ativos da Distribuição da Cemig em texto enviado à imprensa.
A prática de queimadas pode configurar crime, com os responsáveis sujeitos à prisão. Os incêndios não apenas comprometem a infraestrutura elétrica, mas também podem deixar estabelecimentos essenciais como hospitais, comércios e escolas sem energia, ampliando os prejuízos para toda a comunidade.
Segundo a companhia, a ação humana está por trás da maioria dos focos de incêndio registrados. “Por isso, é importante que as pessoas se conscientizem dos impactos causados por suas ações, pensem de forma coletiva e evitem dar início a focos de incêndio que podem tomar grandes proporções e causar muitos estragos, especialmente nesta época do ano, caracterizada por baixa umidade e vegetação seca”, reforça o especialista da Cemig.
Para reduzir os riscos de incêndios, a população pode adotar medidas preventivas simples. Entre elas estão apagar completamente fogueiras em acampamentos com água, evitando que o vento espalhe brasas para áreas de vegetação, e não descartar pontas de cigarro acesas em estradas ou zonas rurais.
Um cuidado adicional recomendado é não deixar garrafas plásticas ou de vidro expostas ao sol em áreas com vegetação, pois estes materiais podem atuar como amplificadores de calor e iniciar focos de incêndio. No caso de queimadas permitidas por lei, estas não devem ser realizadas a menos de 15 metros de rodovias, ferrovias e dos limites das faixas de segurança das linhas de transmissão e distribuição de energia.
Medidas de segurança e atuação contra incêndios florestais
A Cemig também enfatiza a proibição do uso de fogo em áreas de reservas ecológicas, preservação permanente e parques florestais. Quando os incidentes ocorrem, a empresa enfrenta desafios significativos para realizar os reparos necessários na rede elétrica afetada pelas chamas.
“Geralmente, são locais de difícil acesso e em áreas rurais muito amplas. Além disso, levar estruturas pesadas, como torres e postes, em áreas acidentadas, torna ainda mais complexa a manutenção das redes danificadas pelas queimadas”, declara Taumar.
Um dos principais obstáculos enfrentados pela Cemig durante o restabelecimento de energia após incêndios é o acesso às localidades afetadas. A companhia tem encontrado dificuldades para realizar reparos em sua infraestrutura danificada, especialmente em regiões remotas do estado.
“Estamos intensificando nossas ações preventivas e de resposta rápida para minimizar os impactos das queimadas no fornecimento de energia. Nosso compromisso é garantir a segurança da população e a continuidade dos serviços essenciais, mesmo diante desse cenário desafiador que enfrentamos em 2024”, afirma a Cemig.
No combate a esse problema, a Cemig implementa diversas medidas preventivas em sua área de concessão. A empresa investe na limpeza de faixas de servidão, realizando podas de árvores e arbustos, além de remover a vegetação ao redor de postes e torres, visando reduzir o risco de propagação de incêndios que possam afetar a rede elétrica.
As equipes da companhia também conduzem inspeções regulares em suas linhas de transmissão. Esse monitoramento permite identificar e mitigar riscos potenciais, funcionando como estratégia para evitar ocorrências causadas por queimadas que possam comprometer o fornecimento de energia aos consumidores mineiros.
Um aspecto do trabalho preventivo da empresa está relacionado às áreas ecológicas, de preservação permanente e parques florestais. Nesses locais, que frequentemente apresentam vegetação mais densa e terrenos acidentados, a Cemig reforça suas ações de manutenção para minimizar os riscos de interrupções no fornecimento energético durante a temporada de incêndios.