O homem nu


Por CARLOS MAURÍCIO DE MORAES RAMOS PEREZ, COLABORADOR

14/01/2016 às 07h00- Atualizada 14/01/2016 às 07h49

Após ler “As origens das espécies”, de Charles Darwin, deparei-me com o não menos impressionante livro “O macaco nu”, de Desmond Morris. Em seu ensaio, Morris traça um provocante caminho da evolução (?) dos costumes do macaco pelado. Para Morris, o macaco pelado teve que se adaptar para sobreviver como todos os animais. O andar ereto fez com que as mãos ficassem livres, e a construção de aparelhos de caça e o domínio do fogo foi um pulo. Se antes seus ancestrais eram exímios “pastadores”, o macaco pelado teve que ser o melhor assassino que o planeta já conheceu. Os matadouros, com suas técnicas e as criações de espécies em confinamento, não me deixam mentir.

Aos poucos, o macaco pelado teve que, cada vez mais, se distanciar para obter a caça. A caça se tornou um evento coletivo dos machos, e as fêmeas ficavam perto do acampamento cuidando das crias e fazendo os trabalhos mais leves. O macaco pelado começa nesta época a ser mais territorial e menos nômade. Isso levou ainda, segundo o autor, a outro comportamento raramente visto entre os primatas: a criação de pares, em que os machos e as fêmeas tiveram que se aproximar e se manter reciprocamente fiéis. Nascia aí o casamento.

Os machos necessitavam de uma tendência mais forte para o acasalamento, e não bastava se aproximarem e se acasalarem simplesmente. Era preciso mais. Em todos os outros primatas, a postura sexual típica é o macho colocado por detrás da fêmea. Entretanto, já há muito tempo, existe um consenso de que a posição face a face é em nossa espécie a biologicamente mais natural e que as demais posições deveriam ser variantes mais ou menos degradantes (posicionamento da Igreja!).

A posição face a face é favorecida pelo fato de todos os atrativos sexuais e as zonas erógenas se situarem na frente do corpo, como as expressões faciais, as mamas das fêmeas, o pelo púbico e os órgãos genitais. Foi inaugurado, assim, o famoso “papai e mamãe”, ou melhor: o sexo personalizado.

À ela também foi dada a possibilidade de ter orgasmo, existindo assim dois fortes motivos para isso: a recompensa pelo ato sexual praticado com o comparsa habitual e o interesse para se praticar com mais frequência o sexo, aumentando assim as chances de fecundação.

Entre os primatas, não existe um espírito de cooperação, como se verifica em outros animais. Ao contrário, o que existe entre eles é competição e dominação. O socialismo de Marx nunca curtiu muito fazer esta metafísica pobre e superficial (para eles), talvez por isso tenha sempre falhado. Marx, o homem, antes de tudo, é competitivo e dominante, viu?

Por fim, Morris aborda a evolução (?) dos costumes no aspecto do conforto. Eles têm as mãos livres para se catarem e se limparem, mas e a cabeça? Nasce o catar coletivo, onde os pares se juntavam, mas o mais dominante não cata ninguém e nem se cata; os demais se revezam na catação no macaco pelado burguês. Nascia, aí, para desespero de Marx, o primeiro macaco pelado burguês. Iniciou-se também, com este catar coletivo, o salão de beleza. A catação nos salões de beleza visa somente fazer o macaco pelado atual se sentir menos animal do que realmente é. Com isso, caí na risada ao ver que petistas de carteirinha defendem o Chico Buarque e o Lula. Será que eles catariam o Chico e o Lula? Com certeza, né… Pobre do homem, tão longe da verdade e cada vez mais senhor da razão.

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