Juiz de Fora e o CEFE
“Não se trata apenas de uma praça de esportes. O espaço é a extensão da sala de aula dos alunos do Granbery.”
Que calor! Não me lembro de tanto calor em Juiz de Fora. Não só aqui, mas em todo o mundo. Mudanças climáticas… Fruto do desequilíbrio ambiental, de desmatamento, queima de combustíveis, poluição etc. Aqui no Bairro Granbery, nos últimos anos, perdemos áreas verdes e ganhamos imensos conjuntos habitacionais que agravaram a situação de escoamento pluvial, esgoto e, acredito também, o calor.
No meio de todas essas mudanças, o Centro de Educação Física e Esportes (Cefe) do Granbery está à venda. Um espaço onde natureza, ventos e crianças, do infantil à terceira idade, têm espaço para exprimir a liberdade e ver o céu em toda a sua extensão.
Saudosismo! Apelo sentimental! Resistência ao desenvolvimento, dizem muitos. Na realidade, além do aspecto natural, esse ambiente é a essência da educação do Granbery, sempre promovendo o desenvolvimento esportivo de seus alunos.
Muito se fala da primeira partida de futebol realizada no Granbery. Aonde? Tanto faz! O Cefe é a representação de um modelo de educação, espaço centenário onde alunos, professores, empregados e moradores tiveram momentos de alegria e prática esportiva.
Não se trata apenas de uma praça de esportes. O espaço é a extensão da sala de aula dos alunos do Granbery. Ali, alunos aprendem o espírito de equipe, o respeito aos regulamentos, o convívio social, o gostinho da vitória nas disputas e, mais importante que tudo, saber enfrentar a derrota de cabeça erguida, porque a vida nos impõe muitas!
Mais que tudo isso, ali, aprendemos a lutar, conhecemos o esforço necessário para alcançar objetivos, esforço que envolve muito suor, determinação, coisas imprescindíveis na vida!
É por isso que tantas pessoas na cidade lutam hoje pela preservação do Cefe. Não só do espaço, mas pelo respeito à natureza cada dia mais agredida, pela memória de uma cidade onde os imóveis centenários somem nas madrugadas, pela história da educação tão integrada ao esporte.
O espaço é valioso. Não tenho dúvidas que, sem o tombamento, será apenas uma questão de tempo para que um empreendimento apague todo vestígio de história ali presente.
Talvez todos os argumentos em favor do tombamento não sejam suficientes. Existem outras visões na cidade. Mas as lições aprendidas nas quadras e disputas no Cefe, essas continuarão vivas: respeitaremos o regulamento e lutaremos até o fim da partida. Não vamos esmorecer, não vamos desistir. Eia, Avante, granberyenses!
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