A vida irrefletida não vale a pena ser vivida


Por Wanderson R. Monteiro, bacharelando em Teologia pelo Instituto Cristão de Pesquisas (ICP)

13/08/2019 às 06h57- Atualizada 13/08/2019 às 07h39

A pressa tem sido uma das principais características de nossa sociedade, e isso não é por acaso, já que estamos diante daquela que, talvez, seja a sociedade mais atarefada que já existiu. Para dar conta de tantos afazeres, a pressa se torna necessária. Mas, quando priorizamos a velocidade, abrimos mão da qualidade daquilo que estamos fazendo e de todo proveito e satisfação que poderíamos ter. Assim, por causa da pressa, perdemos a qualidade e a satisfação em nossos relacionamentos, na relação familiar, nos hobbies, em nossos estudos, nas conversas com os amigos, e, principalmente, a pressa têm nos impedido de viver e desfrutar a vida da forma como deveríamos. O ritmo frenético em que estamos vivendo tem nos impedido de fazer algo essencial: pensar na vida.

Pensar na vida é muito mais do que pensar nos problemas e nas dificuldades que a vida nos traz, é mais do que pensar no sustento da casa, no cuidado dos filhos, é mais do que se preocupar com o trabalho ou o status social. O “pensar na vida” que proponho, ou melhor, que Sócrates propõe, tem relação com o que dá sentido a todas essas coisas; o “pensar na vida” a que me refiro é pensarmos no propósito que nos leva a fazer todas essas coisas, refletirmos sobre os “porquês” de fazermos o que fazemos.

O filósofo grego Sócrates, ao chegar ao final de sua defesa contra as acusações de corromper a juventude ateniense, disse que não se arrependia de ter vivido a vida examinando as coisas e as pessoas ao seu redor e, principalmente, examinando a si mesmo, afirmando que o maior bem do homem é se aplicar em conhecer essas coisas e buscar conhecer e discorrer sobre a virtude. Sócrates acrescenta que: “Uma vida sem esse exame não é digna de um ser humano” ou: “A vida sem investigação não é digna de ser vivida”. Sócrates tinha total consciência da importância de pensarmos e examinarmos a nós mesmos e enfatiza que a vida sem essa reflexão não vale a pena.

A maioria das pessoas não se preocupa em refletir sobre suas vidas, continua sem fazer um exame do mundo ao seu redor, das pessoas e, principalmente, continua sem fazer um exame de si mesma. “Conhece a ti mesmo” é um aforismo grego bem conhecido que foi atribuído a Sócrates; ele o tomou como inspiração para construir sua filosofia.

Vivendo no mundo da pressa e da correria, muitas vezes, estamos nos deixando guiar pela correnteza sem ao menos nos perguntar aonde estamos indo. Pela falta de reflexão, muitos têm sido coadjuvantes de suas próprias vidas e histórias e têm deixado a vida passar. Viver é muito mais do que estar vivo, é muito mais do que simplesmente passar pela vida. Que deixemos a pressa de lado, deixemos as preocupações de lado, paremos um pouco para refletir sobre a nossa vida e os rumos que ela tem tomado, buscando compreender nosso lugar no mundo.

Este espaço é livre para a circulação de ideias e a Tribuna respeita a pluralidade de opiniões. Os artigos para essa seção serão recebidos
por e-mail ([email protected]) e devem ter, no máximo, 40 linhas (de 70 caracteres) com identificação do autor e telefone de
contato. O envio da foto é facultativo e pode ser feito pelo mesmo endereço de e-mail.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.