Projeto Sangue Novo


Por José Mauro Moreira Cupertino, General reformado do Exército Brasileiro

05/08/2018 às 07h00

Inúmeras e saudosas lembranças povoam nossas mentes e nossos corações, quando, já há muitos anos na inatividade de nosso Exército, rememoramos os tempos idos e eivados de ensinamentos e de ideais vividos nos tempos em que militamos na ativa. Há neste texto dois propósitos. O primeiro permite que submetamos à avaliação dos brasileiros de bem a seguinte tríade: a nossa transitoriedade na carreira e na vida, a continuidade dos projetos de crescimento e aprimoramento e, por fim, a perenidade da instituição, essa sim, a que perpassa o tempo. O segundo tem a natureza de uma chama, ou seja, ser o fator incendiário que irá produzir eficazes debates para o bem geral do nosso Brasil. De nossa parte, trazemos como bagagem não somente a prática incessante e diuturna das virtudes militares bem como os exemplos de honradez vindos daqueles que nos precederam no caminho das armas defensoras de valores e da soberania nacional.

Destarte, dentro desses conceitos, para nós avulta o projeto Sangue Novo, personificado no oficial e no sargento, que, egressos das Escolas de Formação da Marinha, do Exército e da Força Aérea, como a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e a Escola de Sargentos das Armas (ESA), anualmente, revigoram, vivificam e trazem, para a salutar mescla com os mais antigos, conhecimentos e virtudes aprimoradas. Trazemos esses conceitos para que, na presente conjuntura da política nacional, se possa proceder uma verificação naquilo que se aplique em tempos de necessárias e imprescindíveis transformações de cenários.

Diante do que está ocorrendo em nosso país, alguém poderá nos perguntar: “Que conjuntura é essa?”. Diremos que ela é consequência de várias crises, principalmente a política, a econômica e a social, encimada pela degradação de valores. Em períodos de crise, como a que vivemos, crescem as vozes dos “intervencionistas de plantão”, que, na ânsia pelos valores perdidos, pregam e clamam por soluções absolutamente incompatíveis com nossa democracia, a qual, em plena fase de amadurecimento, busca a perfeição. Vozes que, no momento, recebem a mais adequada resposta vinda de nosso grande chefe e líder, o general Villas Boas, comandante do Exército. Com serenidade, firmeza e coerência, apresenta seu argumento contestador, baseado na estabilidade, na legalidade e na legitimidade.

Não queremos, nessa hora, a primazia dos valores nem o uso das práticas – já enunciadas e que são inerentes à nossa instituição -, como solução mágica para impingir transformações pedidas por esse momento de crise. De igual forma, ao trazer para o centro da cena política esse citado projeto, com base em experiências da caserna, queremos chamar a atenção para a importância de uma renovação de nossos quadros políticos, com cidadãos oriundos das mais diferentes áreas de trabalho e atuação. Novos quadros que, aliados aos mais antigos, possam fazer circular a desejada e, mesmo, sonhada purificação do corpo condutor do desenvolvimento nacional, em prol de sua maravilhosa gente.

Queremos, sim, contribuir com caras novas, nas próximas eleições, quando muitos, depois de cumprida sua missão para com as instituições militares e, por via de consequência, para com o Brasil, se dispõem a dar a cara a tapa. Deixam a área de conforto para ocupar um novo espaço, uma nova carreira, com ideias muito claras de ajudar a mudar tudo aquilo que, ao longo das últimas décadas, não vem produzindo os desejados frutos, em especial nas áreas mais sensíveis: educação, saúde, economia pelo social, infraestrutura, segurança, dentre outros. Contribuir como servidores primazes, como delegados do povo, pelo voto concedido, colocando-se como o último a ser servido.

Contribuir com campanhas modestas, calcadas em doações de pessoas físicas, previstas na legislação eleitoral vigente e, prioritariamente, no voluntariado, sem promessas e sem barganha de votos, mas com proposições coerentes e factíveis. Contribuir tanto nas campanhas como num possível exercício de um cargo para o qual tenha sido eleito, com um não veemente à ofensa e à confrontação, mas com um enérgico sim à conciliação. O momento pede isso, sobretudo cautela e tolerância para com as opiniões divergentes, mas com a entusiasmada e até mesmo apaixonada defesa do ideário de nosso partido político. Sempre com foco no Brasil acima de tudo! Deus acima de todos!
E que, juntos, e com base na dedicação e no acendrado amor à nação e à nossa gente, da qual nos orgulhamos imensamente de ser parte, possamos trazer, por modesta que seja, nossa ajuda na busca de um Brasil muito melhor para nossos filhos e netos

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