Conhece-te a ti mesmo

“Conhecer-se a si mesmo e caminhar para a verdade será sempre transitar entre o burilamento e o trabalho (…)”


Por Denise Pereira Rebello, Comunidade Espírita "A Casa do Caminho"

02/06/2023 às 07h00- Atualizada 10/06/2023 às 17h48

Há 50 anos, o homem chegava à Lua. Desafios se seguem na exploração espacial. No campo tecnológico, grandes avanços se dão. Cientificamente, pesquisas traduzem importantes descobertas tendo em vista o bem-estar da humanidade. Teorias diversas orientam a prática nos mais variados setores da vida em consonância com a lei do progresso. Eis que o mundo se transforma exteriormente. Entretanto, em que sentido tem se dado a caminhada íntima na busca do progresso?

Os processos de intercâmbio tornaram o planeta uma extensa casa e a humanidade uma grande família unida nas mesmas realizações e dificuldades. O homem acompanha atento o progresso no mundo exterior, embora, em geral, dentro de si, as ocorrências continuem as mesmas.

O “conhece-te a ti mesmo” revela a importância do autoconhecimento, chave do progresso espiritual, através da observação das tendências pessoais, de desconfortos, frustrações e conflitos íntimos, realizando pouco a pouco a correção de hábitos, a superação das más tendências e a renovação de sentimentos e atitudes, buscando transpor enganos e aproveitar oportunidades de corrigenda, de acordo com o livre-arbítrio.

Santo Agostinho, em O Livro dos Espíritos, questão 919, nos convida à reflexão sobre esse aspecto, ressaltando ser importante a autoanálise para colocarmos em prática o processo de reforma íntima: “Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma”. Refletir sobre nós mesmos no presente significa aumentar amanhã a soma do bem e diminuir o mal que está em nós.

Através de Chico Xavier, Emmanuel afirma que todos aqueles que desistiram de qualquer transformação de vida, renunciando ao dever de melhorar-se, mais e sempre, se tornam menos permeáveis ao apoio curativo ou libertador, através da intervenção da Ciência ou do amparo religioso.

Busquemos a reforma íntima com os recursos do conhecimento e do amor, usando o bem que a vida nos oferece ao bem dos outros, como exemplificou Jesus, amando e construindo sempre. É da Lei Divina que o mundo se renove, porém, igualmente é da mesma Lei que nos renovemos. Aí está o campo a se conquistar.

Conhecer-se a si mesmo e caminhar para a verdade será sempre transitar entre o burilamento e o trabalho, renovando-se pelos padrões do evangelho ao seguir os passos de Jesus: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda em trevas, mas terá a luz da vida” (João 8:12).

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