Apoio aos parceiros
Governador eleito deve repactuar a relação com os municípios, a fim de garantir fôlego às prefeituras, hoje sem meios para cumprir compromissos básicos, como a folha de pagamento dos servidores
O governador eleito de Minas, Romeu Zema, vai encontrar um Estado em situação precária, com pagamentos de funcionários e fornecedores atrasados e sem perspectiva de solução no curto prazo, uma vez que os entes federativos também vivem parcial dependência do Tesouro da União. Certamente, por ser um homem do setor produtivo, ele conhece o cenário que vai encontrar e tem em mente o que será necessário fazer. Na sua avaliação, serão necessários, no mínimo, dois anos para colocar a situação em dia se não houver intercorrências. O tempo é razoável, pois soa mais honesto do que as soluções de curto prazo que funcionam como um cobertor curto, isto é, resolvem de um lado e pioram do outro.
Mas Zema terá que contar com a parceria da Assembleia para levar seu projeto de reforma adiante. Como ele cansou de dizer durante a campanha, há estruturas antigas que resistem a mudanças, e muitos deputados as representam no parlamento. Negociar com o Legislativo dentro de limites republicanos não compromete o seu discurso, sobretudo pela premência do tempo. Reformas de grande extensão devem ser feitas enquanto o governante vive plena lua de mel com seus parceiros, e, sobretudo, com a opinião pública. Reduzir secretarias e postos comissionados soa bem, mas isso só não basta. O Estado precisa ser modernizado para se tornar eficiente, o que implica mudanças no modelo de gestão e de entendimento do próprio funcionalismo.
Zema também precisa repactuar a relação com as prefeituras, hoje profundamente desgastada ante o contingenciamento de verbas estaduais e atraso até mesmo em repasses constitucionais para os municípios. Os prefeitos são os primeiros a acolher a demanda das ruas e devem, portanto, ser tratados como clientes preferenciais para dar garantia de serviços aos cidadãos. Hoje, a maioria das prefeituras de Minas – entre elas a de Juiz de Fora – fecha o mês sem saber como irá pagar o 13º salário dos servidores. Em muitas, até mesmo a folha mensal está comprometida.
Os gestores que assumem em 1º de janeiro de 2019 têm pela frente o desafio da mudança, pois foi esse o pacote vendido ao eleitor durante o ciclo de campanha, e equilibrar as contas públicas deve ser uma das metas, uma vez que a economia é um dos vetores da pacificação. Quando esta vai bem, a democracia também segue a mesma trilha.