Alerta geral

Propagação do sarampo serve de alerta para a implementação de políticas públicas voltadas para a imunização da população


Por Tribuna

30/08/2019 às 06h44

Os paulistanos estão apavorados com o registro de uma morte em decorrência do sarampo. Um homem, de 42 anos, sem registro de vacinação, morador de Itaquera – região Leste da capital -, foi o primeiro óbito no estado desde 1977. O alerta, porém, não se restringe aos paulistanos. Em Minas, de acordo com dados da Secretaria de Estado da Saúde, 8,9 milhões de pessoas não estão protegidas pelas doses necessárias da vacina. Tal dado é preocupante, pois aponta para a necessidade de novas ações para enfrentamento de uma doença de forte potencial de contágio.

A vacinação tem sido um desafio nos últimos anos por conta da resistência de alguns segmentos que a consideram desnecessária: uns pelo desconhecimento, outros por ativismo, além dos que recusam por motivação religiosa. O combate ao sarampo é apenas uma face do problema, que se explicita também em outras endemias. O Ministério da Saúde e os órgãos estaduais e municipais tiveram dificuldades em convencer os jovens para se vacinarem contra o HPV. E até mesmo os que receberam a primeira dose não compareceram aos postos para a segunda e necessária aplicação.

Para situações como essa, o antídoto, de novo, é a conscientização, que começa em casa e se estende para as escolas, a fim de alcançar um público capaz de replicar as informações. A não vacina implica doenças que, por sua vez, levam a situações críticas, como a morte – bastando ver esse caso de São Paulo -, mas, também, custos governamentais para atendimento às pessoas afetadas.

A propagação do sarampo é, em parte, fruto da leniência de governos, que durante anos sustentaram o discurso em torno da sua extinção. Outras doenças que também eram consideradas vencidas estão sendo detectadas, especialmente em áreas com infraestrutura comprometida ou de extrema pobreza. Soa como um paradoxo, por contrariar a lógica da modernidade. O avanço da pesquisa esbarra na sua implementação com resultados que precisam ser avaliados com prioridade.

Até a Europa, onde, em tese, a informação é mais bem absorvida e são maiores os recursos para os centros de pesquisa, também vive situação semelhante com a propagação do sarampo. Em tempos antigos, as famílias facilitavam o contágio para resolver o problema. Hoje, com o avanço científico, a velha prática está vencida. O problema é que o novo modelo ainda enfrenta resistências.

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