Pesquisa em risco

A falta de investimentos compromete o futuro do país, que já está perdendo posições importantes no cenário mundial


Por Tribuna

30/08/2018 às 07h00

Os candidatos à Presidência da República e aos governos estaduais têm um ponto em comum: prometem tirar o país e os estados da crise, como se fazer tal inflexão no curto prazo fosse algo possível. Ou desconhecem a dimensão da crise ou estão jogando para a plateia, no jogo de sedução do eleitor no qual mostrar-se um “resolvedor” de problemas é a melhor forma de conquistar o voto. Mas há fatores que mostram que entre o discurso e a prática há uma diferença abissal. Com raras exceções, os candidatos se esquecem de dizer que não basta ser eleito se a Câmara e as assembleias mantiverem o balcão de negócios que tem sido a tônica nos últimos anos. Nem mesmo boas intenções resolvem o apetite de poder que marca algumas legendas que acabam sendo estratégicas para o Governo levar suas metas adiante. Mas há preço.

O eleitor, por sua vez, deve ser alertado para essa questão. O foco se volta para os candidatos majoritários, com suas promessas, e se distancia do Legislativo, poder que perdeu sua assertividade e seu prestígio, embora seja vital não apenas para a democracia, mas também para dividir responsabilidades com o Executivo.

E, enquanto não houver um olhar único para o futuro, a crise vai se acentuando. O mercado reage à incerteza, projetando o dólar para patamares nunca vistos no período pós-Real; os investimentos entram em compasso de espera, e várias instâncias pagam pela ineficiência do Estado.

Na edição dessa quarta-feira, a Tribuna mostrou a situação das pesquisas na Universidade Federal de Juiz de Fora que replicam quadro semelhante de outras unidades públicas de ensino superior. Há total descaso do Governo, impactando pesquisas sem perspectiva de novo cenário. Na UFJF, pesquisadores fazem malabarismos para tentar superar a crise, usando até mesmo financiamento coletivo para dar sequência aos estudos, aponta a TM. O grave desse enredo está nas consequências desse atraso. Um país que não investe em inovação tende a perder espaço nos fóruns mundiais. O Brasil está perto da retaguarda.

O futuro presidente terá um desafio e tanto pela frente, sobretudo pela ansiedade das ruas em se ver livre desse cenário provisório em que o Governo patina nas pesquisas e se mostra ineficiente para manter até mesmo uma pauta mínima de projetos.

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