Rumos da política
Demonizar a política é um contrassenso, pois ela faz parte da rotina tanto do setor público quanto do privado
O ex-deputado Marcus Pestana, em entrevista que vai ao ar nesta quinta-feira na Rádio CBN Juiz de Fora, não esconde seu desapontamento com a política ao justificar sua decisão de não retomar o mandato parlamentar. Com a ida do deputado Bilac Pinto para a Secretaria de Estado de Governo, ele, como primeiro suplente, poderia voltar ao Legislativo, no qual militou por dois mandatos. “Eu me encontro em um processo de reavaliação da minha trajetória, muito perplexo e preocupado com os rumos do país”, destacou. O economista enfatizou, porém, que vai se abdicar apenas do jogo eleitoral; da política, jamais.
Militante desde a adolescência, tendo sido eleito vereador aos 22 anos, Marcus Pestana não é uma voz isolada no cenário de preocupações, mas, ao destacar que vai continuar na política, sinalizou para onde se espera: esta ainda é a forma mais adequada para transformações, mesmo diante de um quadro dicotômico, que, por sua vez, não é inédito. Ele se explicita mais claramente graças às redes sociais, a novidade das últimas décadas que soa como caixa de ressonância para todo tipo de manifestação.
Como no ano que vem haverá eleição, certamente, os atores eleitorais já estão se movimentando, tanto na tentativa de vaga na Câmara Municipal quanto na Prefeitura, o que já faz deles alvo de atenção. Estes, por sua vez, deverão estar atentos ao discurso que levarão às ruas. Em pleitos municipais, o viés ideológico pesa bem menos do que em eleições nacionais. O eleitor, neste período, tende a se voltar para o próprio umbigo, isto é, quer saber o que será feito para melhorar a sua vida ou da sua comunidade.
A política, porém, não deve sair de cena, por ser um fator preponderante na elaboração de decisões públicas. O viés ideológico, este, sim, pesa por conta das prioridades e visão de mundo. Mas é do jogo. O que Pestana e tantos outros atores têm mostrado é a importância do voto consciente, a fim de garantir a eleição de personagens engajados no futuro da cidade e em defesa dos interesses coletivos.
Como os prazos de filiação agora só se esgotam em abril, ao contrário do período de um ano de outros pleitos, as listas de postulantes a prefeito e vereador estão mais no campo das especulações do que dos fatos, mas isso não encerra a preocupação que o eleitor deve ter desde já. Os que já estão no jogo, ou os que estão prestes a nele ingressar, devem ter um olhar voltado para o futuro da cidade.