Patinho feio
Candidatos a deputado estadual têm problemas de financiamento, porque partidos dão prioridade aos candidatos majoritários e aos deputados federais, por serem responsáveis pela contagem do tempo na TV e na definição do fundo partidário
Quando proibiu o financiamento empresarial de campanha, o legislador queria – pelo menos foi esse o argumento – empatar o jogo, uma vez que nem todos os candidatos tinham acesso a recursos expressivos. Mas o tiro saiu pela culatra. Na primeira prestação de contas após o início da propaganda eleitoral, constatou-se que empresários e políticos ricos são responsáveis por 93% das doações. Os dados estão à disposição no portal da transparência do próprio TSE, sendo a prova material desse processo.
Os partidos, por sua vez, têm um fundo partidário para cuidar da própria imagem e de seus candidatos, mas, como é bem menor do que o de anos anteriores, o repasse não tem sido feito de forma democrática entre os próprios filiados. O maior filão fica com as candidaturas majoritárias de presidente, governador e senador, enquanto a outra parte se destina aos deputados federais. A sobra, quando há, é repassada aos postulantes a postos nas assembleias legislativas, o que faz deles o patinho feio da relação, sobretudo por não terem qualquer influência no tempo de propaganda no rádio e na televisão e muito menos no repasse do fundo partidário.
Essa distorção tem sido um problema especialmente para os candidatos sem padrinho para doações ou recursos para o próprio financiamento, já que as campanhas de tiro curto, como a deste ano, exigem mais investimentos para definição da imagem. Não raro, o discurso dos deputados estaduais é de lamentação, sobretudo por não terem tido, sequer, a chance de participar da discussão que moldou o modelo em vigor. Como a propaganda gratuita começa na sexta-feira (31), o negócio é se agarrar no espaço cedido pela Justiça Eleitoral, que é pouco, mas o único para se chegar ao eleitor, salvo o corpo a corpo, que exige o recurso que não chega para todos.