Só pensam nisso

Políticos, mesmo com tanto tempo para o pleito, pautam suas ações já pensando nas eleições de outubro do ano que vem


Por Tribuna

29/06/2019 às 06h31

Um dos empecilhos para a introdução de estados e municípios no projeto da reforma da Previdência é a eleição do ano que vem. Em princípio, não há justificativa, pois em jogo estarão apenas os postos nas câmaras municipais e nas prefeituras. Deputados, senadores, governadores e presidência da República passarão pelo crivo do eleitor somente em 2022. Então, qual é a razão de tanta preocupação de deputados e senadores? Além de muitos deles serem candidatos, a maioria tem interesse direto na base, ora indicando seus candidatos, ora participando de grandes articulações. Ficar contra as ruas é um r isco no seu entendimento.

Mas a reforma não é o único dado que antecipa as preocupações dos políticos. As convenções em curso dão uma clara sinalização do processo sucessório em curso. Neste sábado, por exemplo, o MDB faz sua convenção sob o signo da divisão. Não que isso seja novidade, pois o partido, desde os tempos da ditadura, quando dividia o parlamento com a Arena, é uma confederação, aglutinando várias tendências. Nem mesmo a liberdade para criação de novas legendas fez dele um partido de pensamento único. É comum dizer que o MDB de Brasília não é o mesmo de Minas e nem este é o de Juiz de Fora.

A divisão tem como base o interesse nas urnas. Os grupos já se digladiam nas várias representações, pensando nas candidaturas de 2020. Tais ações, no entanto, fazem parte do jogo político e não contrariam princípios democráticos. Suas implicações passam, sim, por prioridades. Se saíssem um pouco de seu mundo, os políticos teriam uma visão diferenciada da reforma e levariam em conta que mudar apenas na instância federal não é a solução adequada, sobretudo por saberem, e bem, que o problema maior está nos estados e municípios, que não conseguem pagar suas previdências sem o socorro do Tesouro, comprometendo outros investimentos.

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