Medidas efetivas
O combate ao crime deve se desenvolver em várias frentes, desde a ação direta da repressão ao trabalho de inteligência para drenar os recursos que financiam as quadrilhas
A morte de 55 detentos nos cárceres de Manaus, a despeito de serem fruto de enfrentamento de organizações criminosas na luta pelo controle na região Norte do país, é emblemática quando revela um cenário crítico no sistema. Os mandantes, segundo as primeiras informações, são dez internos que devem ser encaminhados para os presídios federais.
O que ora ocorre no Norte poderia ser registrado em qualquer parte do país diante das deficiências dos presídios nacionais. As cadeias estão superlotadas e sem programas de qualificação dos presos. Como o ócio é uma caixa de ressonância para o crime, em vez de ressocializados, os presos aprimoram suas ações. Como não há separação, até mesmo os de menor potencial de risco são afetados.
O pacote apresentado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, vai além do viés repressivo, indicando que o combate ao crime deve ser um trabalho de inteligência e com desdobramentos em outras áreas. Não basta prender, pois, ao olhar das próprias quadrilhas, a maioria dos internos é peça de fácil reposição. É fundamental seguir a trilha do dinheiro, que, quase sempre, em vez das comunidades, termina em condomínios de luxo. A propósito, a prova material está na Lava Jato, que mexeu com o andar de cima, sempre poupado de investigações criminais, salvo em casos de grande relevância.
Drenar os recursos dos grupos organizados é uma estratégia que vem dando certo, mas não se trata de uma única medida. Nessa terça-feira, por exemplo, a Polícia Civil voltou às ruas para prender, em todo o país, suspeitos de crimes contra a vida. É um passo, mas tudo só vai adiante se as corporações também tiverem incentivos financeiros e materiais. Caso contrário, não haverá efetividade das medidas que se fazem necessárias para virar o jogo.