Ir até o fim
A morte de um dos envolvidos no tiroteio no estacionamento de um centro médico deve motivar novas investigações em vez de apontar para o encerramento do caso
A morte do empresário Jerônimo Leal Júnior, uma semana após a ocorrência em que também morreu o policial Rodrigo Francisco, não deve ser motivo para se encerrar o caso do último dia 19, com envolvimento de policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo, durante uma troca de tiros no estacionamento de um centro médico. O episódio demanda uma apuração profunda, a fim de jogar luzes na troca de dinheiro, com presença de notas falsas, e que, tudo indica, foram o estopim para o enfrentamento.
A corregedoria mineira assumiu as investigações e deve procurar a gênese desse episódio, a fim de esclarecer, principalmente, a origem e o destino de tanto dinheiro. São muitas as especulações, mas somente uma conclusão oficial será capaz de encerrar o caso ou ir adiante e punir eventuais responsáveis.
O trânsito de dinheiro falso em Juiz de Fora não é um dado isolado. Como a Tribuna mostrou na edição dessa sexta-feira (26), a descoberta de R$ 14 milhões em notas falsas foi o mais recente, mas não foi o único episódio. A Polícia Federal também está investigando duas outras ocorrências na cidade. Em novembro do ano passado, pai e filho, respectivamente, de 64 e 31 anos, foram presos em flagrante com duas malas de dinheiro falso com cerca de R$ 5 milhões.
Em 2013, um empresário do ramo da construção civil, do interior de Rondônia, teria caído em um golpe em Juiz de Fora, quando perdeu cerca de US$ 90 mil, numa transação realizada num hotel no Centro da cidade. A Polícia Federal também está no caso.
Os três episódios, na mesma cidade, podem ser mera coincidência, mas somente uma apuração profunda irá apontar as responsabilidades e as eventuais conexões. No caso mais grave, com duas mortes, é fundamental apurar a extensão da ocorrência, sobretudo diante da grave consequência que teve na cidade.