Sucessão no Supremo Tribunal Federal terá repercussão no jogo político

O presidente Lula deve indicar o ministro do Supremo Tribunal Federal que ocupará a vaga de Luís Roberto Barroso


Por Paulo Cesar Magella

26/10/2025 às 06h00

Se não ocorrer algum imprevisto, o presidente Lula deverá anunciar esta semana o nome do sucessor do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal. Ele poderia tê-lo feito antes, mas a questão política alterou seus planos. Essa questão tem nome e sobrenome: Davi Alcolumbre. O presidente do Congresso Nacional é claro apoiador do senador Rodrigo Pacheco, enquanto o presidente dá todos os sinais de preferir o advogado-geral da União, Jorge Messias.

O presidente, certamente, quer fazer a indicação sem riscos, o que significa convencer Alcolumbre da importância de sua escolha e encontrar algum tipo de compensação, uma vez que o presidente do Senado Federal, mesmo tendo várias indicações no Governo, sempre está em busca de mais espaço. Se não for Rodrigo Pacheco, qual será a demanda do parlamentar?

É bom lembrar que, em outra gestão, Alcolumbre deu uma canseira no então presidente Jair Bolsonaro, quando este indicou o ministro André Mendonça para o STF. Foram quase dois meses de espera, mesmo diante de pedidos insistentes de aliados do presidente para colocar a indicação em pauta.

No presidencialismo de coalizão, o papel dos aliados é estratégico para o Planalto, já que não tem meios de atuar em compartimento estanque. Há sempre uma dependência direta do Parlamento, o que aponta para o equilíbrio dos poderes, mas também para ações pouco republicanas que levam ao chamado toma lá, dá cá. Os diversos escândalos da República nas últimas décadas foram fruto do jogo de poder e da perversa mistura do público com o privado.

O presidente depende de Alcolumbre e precisa de Pacheco no seu agora assumido projeto de reeleição. A eleição em Minas é estratégica, e só com um candidato a governador forte será possível enfrentar a concorrência. O vice-governador Mateus Simões assina, nesta segunda-feira, sua filiação ao PSD de Gilberto Kassab, mas já avisou que espera contar também com o PL e com o Republicanos em seu palanque. Cria, pois, uma forte aliança.

O plano B de Lula seria o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, mas a experiência de 2022 é emblemática para o presidente. Kalil atua sem freios e rejeita guizo, como já foi dito neste espaço. E a terceira opção, a prefeita de Contagem Marília Campos, resiste à ideia de disputar.

Os fatos estão interligados. Lula precisa de Alcolumbre para indicar Jorge Messias para o STF e abrir caminho para Rodrigo Pacheco em seu palanque. A direita, por seu turno, pelo menos em Minas, também tem suas dependências: o vice-governador depende de Gilberto Kassab e de outros aliados, a começar pelo senador Cleitinho Azevedo, com quem tem uma relação pendular, ora de abraços, ora de críticas.

Ao fim e ao cabo, o anúncio de Lula pela reeleição antecipou a discussão, que ora ocorre nos estados, mas também é um dado real no cenário nacional. Aí, no entanto, a questão é outra: quem será o candidato da direita na disputa eleitoral?

 

 

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