Devemos falar, sim
O setembro amarelo é o momento oportuno para se discutir o suicídio, mas o tema deve ser uma agenda permanente da sociedade
No meio da discussão política que entra na sua fase mais aguda com a proximidade das eleições, o mês de setembro é simbolicamente um espaço para discussão de outros temas. Um deles é o suicídio. Se antes era um tabu, inclusive nos meios de comunicação, ele tornou-se uma pauta necessária em vários fóruns. O setembro amarelo significa alerta para um flagelo que continua em curva ascendente na sociedade pós-moderna. Se antes o silêncio tirava da pauta o número de ocorrências, hoje, falar sobre o assunto é fundamental na busca de ações para conter tais episódios.
A professora Lucilene Hotz Bronzato, do Colégio de Aplicação João XXIII, percebeu a importância da abordagem e levou a discussão para a sala de aula. Ganhou apoio dos alunos e da instituição e viu sua iniciativa ser consagrada pelo Prêmio Professores do Brasil. Como ela, outras mestras se envolvem nesse debate que precisa ser permanente. Devemos, sim, falar do suicídio, pois suas causas são múltiplas, que passam do bullying ao abandono familiar, ou fatores como depressão. Numa sociedade cada vez mais plural, também são muitas as demandas que precisam ser enfrentadas, especialmente pelos adolescentes ora na transição da infância para a maturidade.
O número de suicídios e tentativas vem crescendo entre crianças e adolescentes. Em Juiz de Fora, como destacou a Tribuna na edição dessa terça-feira, com base em dados da Secretaria Estadual de Saúde, foram registrados seis óbitos entre pessoas de 10 a 19 anos. Este ano, de janeiro a julho, o número de mortes na mesma faixa etária é de cinco pessoas. Fica clara, pois, a necessidade de discussão da matéria, a fim de reverter essa estatística. Muitos casos sequer chegam às ruas ou, quando isso ocorre, são tratados como acidentes, nunca como atos deliberados de quem tenta ou consegue tirar a própria vida. As famílias justificadamente se resguardam diante do tabu que ainda cerca o suicídio.
O setembro amarelo é um momento importante para discussão, como ora ocorre em fóruns que se desenvolvem em várias instâncias da cidade. Entre os idosos, os números também são preocupantes, o que amplia, ainda mais, a necessidade de o suicídio, em vez do tabu, ser uma agenda permanente.