Sob o olhar das cúpulas
As eleições em Juiz de Fora, mesmo as municipais, sempre despertaram interesse dos dirigentes nacionais e do Estado
O interesse do presidente Jair Bolsonaro pelas eleições de Juiz de Fora, indicando que gostaria de ver o médico Renato Loures candidato a prefeito pelo PSL, provocou ruídos internos, pois o partido tem outros planos, mas não surpreendeu. A cidade é considerada estratégica em qualquer circunstância política, mais pelo seu histórico do que por suas recentes ações. Mesmo assim, até os pleitos de forte viés local, para prefeitura e Câmara, sempre atraíram a atenção das cúpulas estaduais e nacionais. Dos partidos de menor porte às legendas mais robustas, Belo Horizonte e Brasília sempre estiveram presentes nas discussões, cada uma com seu estilo.
Os chamados nanicos vivem sob controle de executivas, que definem lista de candidatos e, principalmente, coligações. O fato de o próximo pleito só permiti-las na eleição para prefeito não cessa as negociações. Os cabeças de chapa querem sempre mais adesões, para facilitar, principalmente, o tempo no horário eleitoral.
Não se desconhece ingerências das cúpulas no processo tanto à esquerda quanto à direita. Siglas controladas pela via ideológica também são envolvidas no processo, bastando olhar para os últimos pleitos em que candidaturas foram abortadas em nome de um projeto maior. Ficam mágoas guardadas no fundo do baú, que vira e mexe se afloram, mas o jogo continua sendo jogado da mesma forma.
O Governo do Estado sempre olhou para as candidaturas locais com especial interesse e mantém essa prática, mesmo sob um novo modelo. Juiz de Fora está entre as cidades que o Novo – ora no poder com Romeu Zema – escolheu para ter candidatura própria à Prefeitura. Nada demais, pois outros governadores, mesmo indiretamente, também deram palpites no processo local.
Como falta um ano para o pleito, ainda há demandas a serem resolvidas, a começar pela indicação de nomes. A despeito de vários personagens já estarem em campo, ainda há espaços para muitas composições, o que leva o processo para depois de abril, quando cessa o período de filiações partidárias. Até lá, a incerteza ainda será a tônica das negociações.