Vias urbanas
Juiz de Fora vive o mesmo dilema das metrópoles que se veem cada vez mais estranguladas pelo aumento da frota e pela falta de alternativas para o trânsito
Quando se discutiam a implantação do sistema hospitalar na Avenida Itamar Franco e a construção de um shopping center, a Tribuna fez uma série de matérias analisando o impacto no trânsito, uma vez que não havia projetos para implementação de novas vias. E nem espaço. O que se vê hoje, sobretudo na hora de pico, é uma constatação do que já se discutia na ocasião: o trânsito ficará saturado pelo adensamento da região e pelo aumento da frota.
Agora, quando a matéria volta à pauta, há um impasse geográfico que não se resolve de uma hora para outra, sobretudo num tempo de vacas magras. E a tendência é ficar mais crítico por conta de novas construções e de mais carros nas ruas. A Rua São Mateus, assunto da edição dessa terça-feira da Tribuna, é a clara constatação desse cenário, e com um agravante. Ela é sede de várias unidades escolares que, pela manhã, na hora do almoço e no fim do expediente, complicam ainda mais a mobilidade.
Ante a falta de meios, a solução para os usuários é buscar vias alternativas, algumas delas já comprometidas nesse período, como é o caso da Alameda Pássaros da Polônia, que liga o Cascatinha ao Alto dos Passos. Os motoristas já descobriram o caminho, da mesma forma que fizeram com o anel rodoviário da Universidade Federal, transformado em uma via de passagem. Há estudos para tirar os veículos do campus, mas é uma demanda de alto custo e de longo prazo, embora já se saiba por onde deve passar a nova rota.
Um outro caminho é insistir na redução do uso do automóvel, fazendo dos ônibus o meio de transporte. Mas esta é uma questão que leva tempo. O brasileiro, durante anos apartado do carro particular, fruto dos custos e do salário, se viu, no advento do Plano Real e dos financiamentos de longo prazo, capaz de ter seu meio de transporte próprio. Abrir mão, agora, não é uma questão tão simples. O desafio da mudança contrasta com a necessidade de novos investimentos na mobilidade, que exigirá recursos e criatividade dos técnicos.