Futuro dos estádios

Espaços esportivos nem sempre têm ocupação adequada para garantir o seu custeio. Sem jogos, Municipal de Juiz de Fora pode se transformar em um problema


Por Tribuna

23/06/2019 às 07h00

 

Inaugurado em 30 de outubro de 1988, durante a gestão Tarcísio Delgado, o Estádio Municipal Radialista Mário Helênio corre o risco de viver o mesmo dilema de diversos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014. Difere por não ter mais qualquer endividamento, mas sua saga, se nada for feito, é se tornar um elefante branco, com custos mensais elevados sem uma contrapartida de eventos. Com capacidade para cerca de 30 mil pessoas, só teve esse público na sua inauguração, mas não é esse o ponto a ser discutido. No ano passado, com dois clubes parti cipando do campeonato mineiro, o somatório de público levado por Tupi e Tupinambás não chegou, sequer, à metade de sua capacidade. O melhor público, aliás, foi no confronto das duas equipes, com cerca de 6 mil pagantes.

Os grandes estádios tornaram-se uma matéria de discussão ante o que foi gasto e o seu retorno. Muitos deles, por questão meramente política, foram construídos em regiões sem qualquer vocação esportiva ou para grandes públicos. As arenas de Cuiabá, Rio Branco e Manaus, só para ficar nesses exemplos, são subutilizadas, já que Mato Grosso, Acre e Amazonas sequer têm times na Série A, a principal divisão do futebol brasileiro. De vez em quando, mesmo assim esporadicamente, abrigam alguns jogos em que empresários, na busca do lucro, v endem para os governos.
Em Juiz de Fora, os dois clubes em atuação estão fora das divisões nacionais. O Baeta, por só ingressar na Série D em 2020, e o Tupi, por conta do movimento escada abaixo que experimentou nos últimos anos. Depois de vencer a Série D, num memorável jogo contra o Santa Cruz, no Recife, o

Galo Carijó subiu para a Série C e chegou à Série B, um passo antes da primeira divisão nacional. A partir daí, porém, tudo mudou.
Sem esses dois clubes, o que será feito do Mário Helênio? Nesta edição, a Tribuna faz muitas perguntas e tem poucas respostas, pois não se sabe o que vai ocorrer com o estádio, sobretudo se não houver interessados no projeto da prefeitura de terceirizar o parque esportivo, que inclui o futuro Ginásio Poliesportivo Jornalista Antônio Marcos. A discussão dessas possibilidades precisa entrar na ordem do dia, tanto na instância do Governo quanto nos conselhos esportivos que podem influir na questão. O que não vale é um espaço tão valioso fica r à mercê do tempo, sem qualquer utilização e, sobretudo, sem meios de garantir a sua operação.

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