Siga o dinheiro
Novo diretor da Polícia Federal tem histórico de sucesso em ações de combate ao crime organizado e à corrupção
Não apenas nas telas, mas na vida real principalmente, um dos métodos mais eficazes de apuração de crimes é seguir o dinheiro, pois ele é a matriz de grandes mazelas, como foi possível verificar nas operações da Lava Jato. Por isso, a indicação do delegado Maurício Valeixo para comandar a Polícia Federal indica que o enfrentamento ao crime organizado será uma de suas prioridades. Ele atuou em vários casos, como os do Banestado e da própria Lava Jato, com um histórico de sucesso. O futuro ministro Sérgio Moro, nas suas primeiras ações, tem indicado, ainda, que a corrupção não saiu de sua agenda, sobretudo num momento em que ainda há muitas pontas soltas que precisam ser verificadas.
A questão do crime organizado se acentua, pois ele se apresenta como um estado paralelo, no qual a impunidade é uma marca e a ocupação de espaços, uma tônica. Seu avanço compromete as instituições e tira da população serviços básicos. No Rio de Janeiro, a polícia fez nessa quarta-feira uma ação em várias comunidades para coibir a venda de gás de cozinha por um só fornecedor. Nada de mais não fosse por um detalhe: era o único autorizado pelos traficantes a praticar o negócio. O que era uma ação típica de milícias passou, também, para o campo do tráfico de drogas.
Esse é apenas um fato entre os muitos que se desdobram pelo país, em que comunidades inteiras vivem sob controle de criminosos sem que o Estado se manifeste, ora por conivência, ora por incompetência. O Rio é a face mais exposta, pois há anos o Governo abriu mão da segurança, atuando apenas em questões pontuais, numa guerra urbana na qual somente a população perde. A repressão por si só não resolve. Sua conclusão é um acentuado número de vítimas, inclusive de agentes do estado, sem que o cenário melhore. Ao seguir o dinheiro, como deve fazer o novo diretor da PF, ele estará, de fato, atuando na ponta do problema, que não se situa nas favelas, e sim em condomínios de luxo, pois é lá que moram os mentores e líderes do crime.