Cenário irreal

Enquanto a Justiça não se manifesta, as pesquisas apresentam números que podem mudar com a possível troca dos atuais candidatos


Por Tribuna

22/08/2018 às 07h00

A pesquisa do Ibope divulgada na noite de segunda-feira é o mais do mesmo, isto é, continua sem alterar a ordem dos atores: Lula, Bolsonaro e os demais brigando pela terceira posição. O mesmo ocorre com os outros institutos que estão aferindo a intenção de voto dos brasileiros. Mas o que chama a atenção é o fato de o ex-presidente continuar subindo nas pesquisas a despeito dos claros sinais de impedimento de sua candidatura.

Nas corridas, os pilotos, antes de entrarem nos boxes para abastecimento, são induzidos pelos chefes de equipe a dar uma volta mais rápida para ganhar tempo. Na política, o ex-presidente continua insuflando a militância em torno de seu nome até ter fôlego suficiente para passar o bastão para o seu sucessor Fernando Haddad. O candidato a vice, que na verdade é o cabeça de chapa e tem como vice Manuela D’Ávila, do PCdoB, tem feito incursões pelo país, mas sem se apresentar como o cabeça de chapa.

A estratégia tem dado certo diante da performance do líder petista em todas as avaliações. Por conta disso, cabe ao TSE acelerar os processos de impugnação de candidaturas para dar fim a esse cenário artificial, que só interessa ao Partido dos Trabalhadores, que atua bem sincronizado na sua estratégia.

Valia o mesmo raciocínio para Minas Gerais, onde o socialista Marcio Lacerda passou parte da campanha sendo candidato sem a certeza de ser confirmado pela Justiça Eleitoral. Ele foi aos debates, gravou propaganda política e andou pelo estado, mesmo sabendo que sua cabeça estava a prêmio no Tribunal por conta de ação de impugnação impetrada pelos próprios correligionários — mas de outra corrente — capitaneados pelo deputado Júlio Delgado, em nome da Executiva Nacional.

Diante da incerteza, desistiu da candidatura. Saiu atirando, mas seu gesto dá margem para definição do pleito já no primeiro turno ante a polarização entre as candidaturas de Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT). Mas o fator Lacerda ainda irá influenciar no pleito, pois ele desistiu, mas seu grupo, pelo menos por enquanto, não renunciou à ação na Justiça. Com isso, a corrente que forçou sua saída e o MDB, o parceiro que foi sem nunca ter sido, ainda dependem do veredicto do TRE.

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