Sempre alerta
A execução de medidas de controle é uma necessidade para evitar novas tragédias, como as de Mariana e de Brumadinho, que causaram a morte de centenas de pessoas
O indiciamento de dirigentes da Vale do Rio Doce, da empresa de consultoria Tüv Süd e de técnicos diretamente ligados ao processo que culminou no rompimento da barragem de Brumadinho aponta para uma nova mudança de paradigma no monitoramento das mineradoras. Quando ocorreu a tragédia de Mariana, no dia 5 de novembro de 2015, que resultou na morte de 18 pessoas, acreditava-se ter sido a primeira e última grande tragédia no setor. A repercussão do fato e os danos pessoais e ambientais indicavam para a necessidade de medidas rígidas para controlar as barragens que permeiam a paisagem do território mineiro.
Quando houve a ruptura em Brumadinho, criou-se um clima de estupefação, pois ninguém acreditava no cenário de terror que se instalou. Afinal, não tinham sido tomadas medidas para evitar tais acidentes? A recorrente pergunta só encontrou resposta após a conclusão da CPI instalada pela Assembleia Legislativa e do inquérito da Polícia Civil. Não. As providências foram aquém das expectativas, e a leniência dos órgãos de acompanhamento também entrou no enredo.
Em entrevista à Rádio CBN Juiz de Fora, na última quinta-feira, o deputado André Quintão, relator da CPI, advertiu que, se não forem tomadas drásticas atitudes, e se não houver acompanhamento dos acordos firmados entre a Vale e o Ministério Público, outra tragédia pode estar a caminho.
O parlamentar não fez um discurso hiperbólico. O que disse é o mesmo que deveria ter sido falado quando a represa de Mariana se rompeu. Se as providências de controle tivessem sido tomadas adequadamente, as mortes de 270 pessoas em Brumadinho poderiam ter sido evitadas.
O antídoto contra essa leniência é manter o debate na agenda dos políticos, dos governos e das empresas. Minas tem milhares de barragens espalhadas, especialmente, na região metalúrgica, o que implica, necessariamente, o seu controle. É preciso considerar que tais medidas não acarretam o enfrentamento às mineradoras, que geram milhares de empregos e renda para o Estado. Se houver controle, porém, todos ganham.