Todo cuidado é pouco
Mensagens de apologia a crimes divulgadas nas redes não devem ser negligenciadas e precisam ser denunciadas aos órgãos competentes
Aonde está o perigo? Cada vez mais em todo o lugar. Mas a origem do medo tem sido, frequentemente, mensagens vindas das redes sociais. Menos de uma semana depois dos massacres na escola pública de Suzano, em São Paulo, e nas duas mesquitas na Nova Zelândia, mensagens virtuais com ameaças de ataques começaram a ser enviadas em várias cidades do país, principalmente direcionadas a escolas, o que levou pânico a milhares de pessoas.
O mesmo ocorreu em Juiz de Fora, onde ganhou repercussão a frase: “Aguarde-me Jesuítas e Stella. Agora é a vez da alta burguesia pagar. Chegou a hora do seu maldito capitalismo ruir e entrar em declínio!”. A mensagem vinha acompanhada de uma imagem da arma em primeiro plano usada em uma “live”p elo atirador da Nova Zelândia.
Verídica ou não, a ameaça mudou a rotina de pais, alunos e levou policiais militares para as portas das duas escolas, localizadas na área central da cidade, e ainda à abertura de um processo de investigação por parte da Polícia Civil. As instituições afetadas também divulgaram nota conjunta, demonstrando a preocupação e as providências que já vinham sendo tomadas na tentativa de criar regras mais rígidas de vigilância e de acesso às suas dependências.
Boatos e mentiras sempre existiram, assim como ameaças verdadeiras e falsas. Mas o estrago causado hoje pela velocidade da disseminação das notícias nas redes é capaz de deixar a sociedade doente e preocupada, principalmente quando vem a reboque de tragédias, como as ocorridas recentemente no país e no mundo. Ao pânico das ameaças se junta o da divulgação de vídeos que estariam angustiando pais e mães, como o da personagem Momo, que supostamente ensinaria as crianças a buscarem objetos cortantes em casa para praticar atos suicidas.
Como agir diante de casos como estes? O primeiro passo seria as pessoas se preocuparem com menor exposição midiática nas redes. Outra medida importante seria qualificar melhor as instituições de segurança pública que investigam estes tipos de mensagens para que os responsáveis fossem descobertos e punidos exemplarmente.
Especialistas em comunicação e pedagogia apontam ainda que a saída é por meio da educação. Os temas precisam ser discutidos e ensinados não só a crianças e adolescentes, mas a todas as gerações que precisam aprender a como se comportar nas redes sociais.
Usar as redes exige um mínimo de responsabilidade, afinal, hoje a vida ocorre de forma on-line e off-line todo o tempo. Estar conectado é imprescindível, mas deve haver também regras para como agir, o que dizer e não dizer, entre outras recomendações. Para os menores, especialistas aconselham até mesmo que os pais usem aplicativos de monitoramento de acesso ou utilizem versões do YouTube, que permitam baixar off-line apenas vídeos já pré-aprovados para crianças.
Mensagens de apologia a crimes divulgadas nas redes não devem ser negligenciadas. Textos que incentivem pornografia, racismo, intolerância religiosa, homofobia, entre muitas outras, devem ser denunciados nas delegacias de polícia e também no site da Safernet Brasil (safernet.org.br). Quem sabe desta maneira muitos crimes virtuais não sejam evitados no mundo real? Diante da guerra ideológica e da disseminação gratuita do medo pela internet, que pode se tornar real ou não, o que se sabe é que todo cuidado é pouco.